Não é necessário que saias de casa. Fica
à mesa e escuta. Não escutes, espera apenas.
Não esperes, fica em silêncio e só. O mundo
virá oferecer-se a ti para que o desmascares,
não pode fazer outra coisa, extasiado, ´
contorcer-se-á diante de ti.

Franz Kafka, "Aforismos"


sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Que tempo?

Sim, de facto é tempo.
Mas sempre o tempo foi tempo.
Sempre o será.

Não irei mais dizer: "È tempo"
Não é mais do que dizer que o tempo já passou e com ele,
esse tempo em que o tempo parecia ainda ter tempo.

Quem me dera voltar, e comigo qualquer um levar,
quem dele quisesse apenas regressar,
ao tempo em que o tiveram,
ao tempo em que o foram,
ao tempo em que podiam,
marcar o seu tempo.

Imagem

A árvore voa entre os ramos do passáro,
que não dela, não dele
se transformam num só.

Esse ser que hoje me foi deslumbrado
é não outro a não ser a razão do meu existir
ao ver a conjugação entre o que não é e o que é,
sei que o é, ao não o saber ao certo
pois de mim
só vejo o que não acredito,
só vejo o que duvido,
só vejo o que crio,
querendo assim continuar.

E apesar da imagem não passar duma visão,
foi para mim mais real que a real não vista.

sábado, 25 de outubro de 2008

Nada é sentido

Tudo o que não sei, aqui escrevo
e escrevo por não saber o que
escrever...
escrevo, sim escrevo, por não saber como escrever.
Escrevo por mais nada saber fazer.

Como gostava de ter objectivos e sonhos,
ás vezes penso que era capaz
de um dia apenas ser.

Dou graças,
a loucura é um devaneio que em mim
depressa se sume,
e com ele, toda essa
irreal desapontação que agora senti
por em mim não haver.

Ao sentir os meus sentimentos
sei que não me pertenço,
gostava de ser apenas alma
e em redor navegar.
Tão difícil que é apenas ver.

Não me posso entregar,
nunca em inteiro como gostava,
como gostava de apenas levitar, não sentir.
Pois de mim há quem depende,
pois há outros dos quais ainda dependo...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Todas as palavras que hoje escrevo,
já foram ontem ditas.
Todos os sentimentos que hoje experimento,
são do conhecimento humano há milénios.

Sou apenas mais um,
por vezes, quem me dera ser apenas um.
Gostava de ser inteiramente único,
não ter influencias,
não ter desiluções,
ver a realidade tal qual como se apresenta.

Mas os meus olhos estão mais do que treinados,
falham na percepção do real,
criando no seu lugar o meu "real".

O meu mundo ainda está por criar,
que remédio o meu
se não lançar aqui as minhas palavras.

Divagações da certeza

Eu estou perdido, não tenho a miníma noção do que quero fazer, apesar de ter várias em cima da mesa, nenhuma me agrada, ou quando me agrada, já a oportunidade passou. è como estar num grande corredor, rodeodo de portas que estão sempre a abrir e a fechar, uma a uma, mas que são abrem uma vez, se deixo perder a opurtunidade o vento feche-a com toda a força e a chave perde-se. E eu sou obrigado a andar continuamente á roda, cada vez mais depressa e só tenho uma opção, mas cada vez sinto que a "tal" já passou, não a aproveitei, não a soube ver. Dava tudo, passava pelas provas mais complicadas, chegaria aos limites da condição humana, se agora, me fosse dada novamente, a oportunidade de viver, a oportunidade de aproveitar, de ser algo que me satisfaça por inteiro e não apenas mais uma alma perdida, que ou se afundam de forma degradante ou se tornam eles próprios, donos de uma alma degradada. Gostava de poder romper com tudo, adorava conseguir ter a magnitude que me fizesse realmente diferente, sem necessidades humanas, apenas eu e a minha alma, que falta me faz agora, não saber o que fazer.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Deixem-me viver
por entre as luzes do medo.
E entre elas
soltar todos os traços
com que pinto o meu quadro.

Metade da tela está a branco
e já se acabou a tinta,
não tenho maneira de arranjar mais.

Simplesmente deixo chover
e borrar todo o quadro,
pelo menos ficará...

A outra opção
é simplesmente deixar de pintar.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Poetry takes no name ahead

Poetry takes no name ahead.
The place of the future
is in between the desire of the present,
forget about it.
Just let it happen.

domingo, 19 de outubro de 2008

Mas que tristeza
ser tudo igual
ao ser tudo diferente,
tudo diferente de algo,
todos diferentes de alguém.

Nunca mais vou poder repetir
nunca mais vou poder sumir.
Como gostava eu de poder parar o tempo,
e viver sozinho ao lado de outros
como se nem só estivesse.

Passava todos os meus dias
fazendo o que agora não posso,
subia todos os edificios,
passava todas as barreiras,
quebrava todos os vidros.

Queria eu,
ser invisível.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Poema Esquecido

Meu Deus, como eu tenho medo agora
de sentir e voltar a esquecer,
ou pior, não sentir e disso me lembrar.
Tudo o que acabei de ler,
tudo o que acabei de sentir,
tudo o que de forma inesperada
e irracional entrou em mim,
não por mim,
alguém novo que se encarcerou,
eu já não sei aonde vou,
já não sei aonde a minha alma parte
mas parte certamente algures,
o barco com a vela rasgada
já vai ao fundo e de lá não sai,
e com ele, eu.

Que sei do que é ou não é.
Sei eu se algo é realmente
ou a realidade é a única mentira
que os meus olhos me contam,
será ela algo, serei eu vivo,
seremos todos imaginação?
Todos de cada um e cada um de todos.
Explicava tudo,
contradições, confusões,
ódioes, amores...
Mas serei eu ou serei eu outro,
já não eu, dono de alma
que jaz no fundo,
culpa do barco da vela rasgada.

Que seria eu sem pensar,
serei eu mesmo pensamento?
Estarei agora a sonhar?
Sonho, sonho que tudo é nada
e nada é mais que eu
nos braços largos do sonho
onde me minto e já não sei,
será o vento a passar?
Sonho ou realidade?

Será tudo o que não sei,
tudo o que recuso conhecer
ou enfrentrar os meus verdadeiros medos,
levando-me a mim a sonhá-los,
imagino-os a toda a hora
para sem sofrer morrer diariamente.
Será que tudo o que anseio
não será tudo o que odeio
e ao alcança-lo poder dizer agora,
tudo o que fiz não é se não desperdicío de vida.
eu, que ao me entregar desapareço
sou agora ainda mais pequeno
pois já nem eu sou.
O propósito da crítica acabou
e fiquei aqui agora, como sempre,
só, sinto que me devo deitar.

Quem me dera ao menos
ao rio ter coragem de me atirar,
contra as pedras remar
e o meu futuro enfrentar.
O juizo final está longe
mas o Luz já está a desparecer,
quero gritar!

Espantar em mim todos os diabos
todos aqueles que me afastam
tudo o que hoje me faz
de mim longe estar,
mas não consigo se não tentar.

Sinto-me mais livre,
as almas estão a sair, uma a uma
deste ser disforme,
sem a mais pequena deixar,
quando poderei eu voar?

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Flaming Freedom

À medida que me vou integrando,
mais só me sinto.
Vejo, vejo continuamente toda a diferença
que da minha cabeça suscita
a maneira de outros viver.

Que ser estranho sou eu,
não tenho medo de outros
mas vivo apavorado em mim,
e em mim todos os medos se concentram
até gritarem a bela cantiga da despedida.

Não, não quero partir,
quero deixar aquilo que hoje não encontro.
Sinto esse desgnio como meu,
viver á luz da escuridão actual.

Não sou de risos nem gestos,
choros ou suspiros.
Vivo apenas pelo olhar profundo
que adoro ver em quem em mim encontra fundo.
Mas a palavra que gostava de ver
está ainda num sitio de dificil amplitude.

Não sei se quero ser encontrado
adoro viver livre,
poder fazer tudo o que quero
nem que me digne apenas ao mais simples que haja.
Como gostaria de poder beijar a luz sem que esta me queimasse.

domingo, 12 de outubro de 2008

Normalidade

Como de mim surge
mais espontaneamente que a necessedidade de respirar,
a luz mortal da consciência.

Penso e penso no que hoje fui,
todas as perguntas que faço
ocupamem-me sempre do meu comportamento.
Até hoje, nenhuma das respostas
foi capaz de me deixar melhor.

Queria fugir de tudo,
nunca largando nada que goste,
gostava de poder viver apenas quando quisesse
e poder desligar sempre que me convenha.

Tudo é normal,
a normalidade é usado como uma imposição,
pois hoje "tentar" ser diferente
é palavra de ordem.
Tantos rostos iguais vejo eu.

Nem eu escapo,
quase ninguém escapa.
Meu Deus, como queria escapar,
como gostava realmente ser,
em toda a minha plenitude,
usar todas as minha capacidades
e delas surgir em força,
aquilo que hoje ansio que alguem possa ser,
brilhante.

domingo, 5 de outubro de 2008

Palavras

Gostava de fazer o melhor poema de sempre
e viver na sombra o resto dos meus dias.
Toda a vontade que tenho
é que um dia possa ser lembrado,
não pelo ser que sou
mas pelo trabalho que criarei.
No final, gostavam que fossem ditas apenas duas palavras,
Nuno Rodrigues, e com elas podesse haver alguém que se levantasse
que olhasse o mundo de frente,
que fosse diferente.
Gostava que essas palavras funcionassem amanha
como as minhas funcionam hoje.

sábado, 4 de outubro de 2008

Demand

Clear your soul
with the tears of your river,
the running water
will hitch the humanity’s destiny.

Only with peace in you
it’s possible peace in earth
Won’t you understand your mind?
So that the modern refugees
don’t stop selling their “truth”.

Nowadays
ever single action
is started with an ambition end,
never let that happen again.

Run from your prison,
liberate your sins
in order to keep you forgiven.

Open your eyes
and let the revolution begin,
the world needs you
and you need a place to return.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Confissões de um des(crente)

Que vontade que tenho
de ser nada e tudo,
e ao mesmo tempo
irromper pelo nada
que a todo o minuto me completa
na esperança que essa imensidão
um dia me leve ao ponto de partida.

Queria fazer parte dum mundo
apenas ainda não descobri qual,
todas as alternativas me pareceram iguais,
tão simples, tão banais!

Hoje sonhei que era novamente eu
e ao me ver pela última vez
tive a sensação que foi igualmente a primeira,
a saudade da despedida ficará sempre em mim
até que me resolva soltar.

Não sei por quanto tempo
conseguirei viver acorrentado.
Alterno entre fases de exaltação e desalento
por momentos onde a pureza de nada sentir
me faz sentir que o meu destino á muito foi traçado.

Todos as noites
que fisicamente passei só,
vivi-as em alma juntamente com outros
dos quais nem a face conheci
mas ao contrário de quem já a vi,
a eles me deixei ver.

Todos os acontecimentos são consequência
de outros passados,
apenas agora a relembrá-los
revejo o quão grande já fui
e quão pequeno serei.
O tempo cura tudo, dizem...
mas sempre deixa marcas da sua brisa.