imersos num qualquer plano da calçada
enquanto um carro subia a rua
e dele só tomava consciência já longe
em surdina, num qualquer virar
ainda que para trás não só calçada
no caso de ter sido calçada o que pisei
sem que me sugasse o olhar
vozes incomprenssíveis a curta distância
ao passar notei alguém no seu corpo mas longe de si
decorando uma saída de metro, aquela hora saída nenhuma
a atravessar a rua tomava nota das montras
caso o seu olhar mo permitisse
caso o seu olhar não exigisse o meu
caso o seu olhar não intimidasse o meu
caso o seu olhar não exigisse o meu
caso o seu olhar não intimidasse o meu
na procura de um reflexo, finalmente socorrido
por uma claridade fora de horas
por uma claridade fora de horas
e ouvia-a
e ouvia-a, pensando no que falar
ouvia-a com receio de minhas parcas palavras
ouvia-a e as suas palavras ganhavam forma em mim
ouvia-a como se de uma melodia se tratasse
um rio irrompeu pela avenida
sem que qualquer um de nós alterasse o ritmo de passeio
e onde outrora veículos deslizaram aves, em refúgio da Lua
o não reconhecimento do terreno não se revelou pernicioso
tendo as nossas voltas alcançado o ponto anteriormente definido
pátio interior como ante-câmara, viagem ao fechar de um bar
palavras que se seguiram sem em nada pensar
a certeza no regresso de um dado sentimento
Sem comentários:
Enviar um comentário