Vou numa rua de pó e em cima dum telhado noto os olhos dum gato. O gato parece-me preto mas é de noite e, escondido atrás de arvorés que se agigantam sobre telhados, não o distingo bem. Sinto o pó levantar-se a cada passo, os passos tornam-se lentos e as sapatilhas aspiram o pó, como uma folha que se vira sem a ler por me ocupar apenas dos olhos do gato; não oiço nem vejo mais ninguém. As patas movem-se sem eu as notar, rápidas enfiam-se umas nas outras; vai de perfil, olhando para mim, a saltar de telhado a telhado. As casas estão coladas umas às outras, sem espaço para outras ruas, o mesmo acontece do meu lado, continuo em frente. No horizonte o fim não aparece, ou pelo menos não aceito como o final duma rua enorme onde os dois lados se juntam, as duas filas coladas. Acabar em "V" só pode ser ilusão de óptica.
2 comentários:
As boas palavras e as boas músicas.... ;)
adorei, adorei mais uma vez.
Nuninho, olha uma boa passagem de ano siim? a gente agora só se fala p'ro ano! vê só a eternidade :b ahah. tudo de bom neste ano q vem, mereçes-lo, de verdade. beijinho*
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