Não é necessário que saias de casa. Fica
à mesa e escuta. Não escutes, espera apenas.
Não esperes, fica em silêncio e só. O mundo
virá oferecer-se a ti para que o desmascares,
não pode fazer outra coisa, extasiado, ´
contorcer-se-á diante de ti.

Franz Kafka, "Aforismos"


quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Boinas ao vento


by Elliot Erwitt

Árvores e Árvores, o meu avó cujo pé direito ao alto enquanto o esquerdo perde a sola pelo chão, uma roda e é ver o direito a fazer faísca e o esquerdo chegar às nuvens, paredes dum lado e doutro a tapar uma pequena subida relvada, segue sempre ao lado do risco pois por aqui carro nenhum da mesma maneira que dele olhar nenhum e em casa pedal nenhum, um pé que subisse à mesa em que apenas baguetes, outro esperava e o pé a subir, a baguete a segura na mão enquanto da boca palavras, mas nada e ainda bem já que a conduzir, eu que com a vista de frente para trás e das baguetes nem uma recordação, apenas arvores como se molas na base, passo e soltam-se, não da mesma forma como em casa as fotografias, viradas ao contrário numa gaveta, se por acaso uso do pedal e levo o direito acima na tentativa de as virar logo o meu avó enorme com o esquerdo Não è ninguém, não mexe, cadeiras presas ao chão, essas que a custo levanto e 4 quadradinhos no chão, os quadradinhos outra cor, puxo novamente do pedal pelo quadradinho e o pedal limpo enquanto que ao lado cheio de pò, na janela um vaso onde em tempos, julgo, uma flor e que agora abriga a chave enquanto nós os dois fora, da bicicleta um dia da bicicleta não sabe e esquece-se das baguetes, a chave sem relação com o vaso e meto-me a treinar para ganhar o Tour, inclinações não relvadas para trás, de ciclismo sei que se seguirmos a direito a roda de quem vai à frente poupamos 30% de esforço, isto claro numa bicicleta que não esta, esta anos e anos disse-me uma vez.
O esquerdo no alto enquanto o direito ganha asas, o vento pergunta à minha mão pela baguete e eu com a outra um murro no vento, a chave decerto já aborrecida no vaso e o meu avó todo ele olhos em frente, eu a dar comigo entre as árvores já que a vista para trás, vontade de meter os pés ao nível do chão, a bicicleta quase que cai, não cai pois olhos em mim sem palavra, eu igual e de novo nos seus olhos olhar nenhum, enganei-me, nos seus olhos chamas mas sem preocupação pois vento a partir daqui, já não arvores, já não muros, a chave que se solta do vaso, a baguete na mesa, as boinas na mesa, julgo que fotografias reviradas mas certeza nenhuma, Ninguém, não mexe, a bicicleta que velha e portanto no Tour para trás à primeira curva, até à meta nenhuma roda à frente.

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