Não é necessário que saias de casa. Fica
à mesa e escuta. Não escutes, espera apenas.
Não esperes, fica em silêncio e só. O mundo
virá oferecer-se a ti para que o desmascares,
não pode fazer outra coisa, extasiado, ´
contorcer-se-á diante de ti.
Franz Kafka, "Aforismos"
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
(falta de inspiração, assuntos e imagens repetidas)
Um pássaro entre 4 tábuas. As tábuas raspam por um muro abaixo onde pedritas lhes deixam lembrança. Uma carroça numa estrada com buracos, um burro de olhos vendados, um hamster à roda, papel amarrotado para encestar, uma unha no quadro, pó de giz. De quando em quando as asas acabam por espevitar-se do seu banco confortável e lançam um toque à janela do lado. Folhas aos montes agora secas, paisagens de tardes passadas, primeiros voos, restos de ninhos pelo chão em palhas que o vento procura. Suspira. Dá dois toques ao de leve, sem sentido, na janela. Nem para "toc-toc" dá. - A caneta caíria caso a usasse agora, haveria um olhar vago sobre a folha riscada, a consciência de livros por abrir, sítios e pessoas para conhecer. Porquês. Depois dum olhar para o ecrã, um salto para cima da cama. - Uma pedra maior pôs-se à frente e um galo na cabeça, penas pelo chão, asas encolhidas. Elas que voltam para trás e agora funcionam como casaco, o bico procura direcções junto aos pés, o banco torna-se enorme, o chão mais vasto, às tábuas acrescentam centímetros, por oposição ao vidro, cada vez menor. Em outras nuvens sabe da existência de quem o faria romper as tábuas apenas com a força das suas asas.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Sem mais palavras... profundo.
eu gostava de saber, pq escreves tu coisas que publicas e depois tiras hein ! uma pessoa nem consegue leer
Enviar um comentário