Não é necessário que saias de casa. Fica
à mesa e escuta. Não escutes, espera apenas.
Não esperes, fica em silêncio e só. O mundo
virá oferecer-se a ti para que o desmascares,
não pode fazer outra coisa, extasiado, ´
contorcer-se-á diante de ti.

Franz Kafka, "Aforismos"


terça-feira, 23 de junho de 2009

Hoje é mat e estou f...

Acordei perto das 5 e estive lá fora antes do sino bater as 6. Ontem fui dormir cedo - raro - e não sou de dormir muito. Tinha a janela aberta e vi o escuro tornar-se luz. Talvez uns 40 minutos sempre a olhar, ainda a sonhar alguma coisa. Hoje é o exame de matemátca e deveria estar preocupado, mas não estou. E não me parece que é por já ter a nota do ano passado - que me dá para um curso qualquer, para mim são todos iguais. Mas não sei muito e não me importa.
(estou agora de janela aberta e um pássaro quer dizer-me alguma coisa, não percebo)
Saí antes do sino darem 6 e vi azuis e laranjas no céu. Já não era noite, mas também não era dia, e por momentos senti-me a última pessoa do mundo. (sensação fantástica num quadro destes) As oliveiras confirmavam-me a suspeita: vento. E eu de t-shirt e calções apanhava um arzinho que, de ínico desagradável, me animou um pouco. Ainda via os candeeiros acesos e sentei-me num muro, uns pequenos minutos, a olhar o céu, por nada. Levantei-me e virei costas, reparei numas ervas secas. (agora reparo no que estou a escrever e não vejo nada)
Olho novamente para o pássaro - julgo ser uma andorinha - e agita-se numa amendoeira que fica 2 metros ao lado da minha cabeça. (quando era miúdo pensava que me bastava abrir a janela e chegava lá com a mão, felizmente não cheguei a tentar)
Está agora menos frio e pelo meu PC vejo serem 6:17 (o que estás a fazer aqui, não devias estar a estudar? nunca tens sono, tu. é só para as tretas que te interessam) O meu pai já saiu, acordou um pouco antes das 5 e não sei quando volta, se às 2 se depois - não lhe disse que já estava acordado e deixei-o ir. A minha mãe e a minha irmã - julgo eu - dormem. Daqui a bocado devo acordar a minha irmã e levar com o seu terrível bom humor matinal: "Já vai".
O vento está mais calmo e quase que só eu o sinto, dá-me vontade de ir correr. (nem me doem as pernas de ontem nem nada, também só fora uns 45 minutos) O azul mantêm-se, agora mais vivo; do laranja já pouco se vê, ao longe parece-me agora quase branco; era o que eu pensava - nuvens. O Sol já se vê (há bocado estava tímido) e acordou um monte de eucaliptos e pinheiros que da minha janela vejo bem.
Vou desligar o meu PC. (que nem sei bem porque o liguei, nem corrigo o texto nem nada) Deixar a janela aberta, sentir o vento e de vez em quando ver o dia nascer (está quase, sinto). 6:24 diz-me ele. Oiço passáros. Agorra no meu exemplar de "O Velho e o Mar" e, pela quarta vez, vou lê-lo; apoiado pela luz que me entra no quarto. Aquele pescador ensina-me carradas de humildade.
(acho que agora um camião, ainda longe, não o chego a ver; já há pessoas a trabalhar e eu nisto)
6:28 - as andorinhas fizeram aqui e agora um festival e pêras, mas não vou descrever.