Ele disse-me que andaram à minha procura, gente conhecida. Ele também. Mas a ninguém poderia lembrar que eu estava na mata.
Ele contou-me ainda que o que quer que eu tinha dito antes de sair, não interessava para agora. "Foi um delírio, não vale a pena a pensar sobre isso." Eu insisti, mas ele ou não respondia ou era evasivo. Perguntei então se o murro tinha doído, mas já o tinha esquecido. Bebeu o seu café e saiu. Disse que o dever chamava-o.
Pouco depois, o empregado, amigo comum, perguntou por ele, achava-o estranho ultimamente. Eu não sabia de nada; ele diz que nos últimos dias raramente lá ia; e quando o faz, demora-se pouco. Reparou ainda que a chávena parecia maior para ele, um outro dia até tinha entornado. Eu prometi-lhe que ia tentar saber mais, que ele não se preocupasse; decerto não era nada e amanhã já estaria melhor. Depois perguntou como andava eu, soube pelo médico que eu tinha tido um problema, tinha-o visto nesse dia à noite e como o encontrou muito sujo, com as calças todas verdes e arranhado, havia-lhe perguntado o que se passava, tinha caído enquanto me procurava. Eu agradeci-lhe a preocupação; mas não era nada, uma pequena febre, estava tudo bem. Paguei e saí.
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Uma hiena a rir. O sol já vai baixo mas o ar ainda prende. Subo o queixo e sorrio por dentro. Não gosto que a minha face mude. Olho novamente a hiena e aí sorrio. O sol já vai baixo mas o ar ainda prende. Salto para cima da hiena. Prendo o olhar. Tomo banho e a minha cara torna-se enorme, deixo a água correr, correr, correr...
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Nessa noite convenci o médico a vir a minha casa. Tentei por tudo fazer conversa mas ninguém me respondia; mal nos ficamos pelo café, tinha de acordar cedo. Como eu desejei que se partisse uma chavena; não eu, é claro; mas nem isso. Soltou apenas um "até amanhã" junto à porta. Talvez amanhã esteja melhor.
(fim)
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