Tenho vontade de bater com a cabeça nas paredes, de agarrar nos meus braços e esconde-los bem, onde as minhas palavras não possam chegar. Quero vomitar todas as finas impurezas que tenho dentro de mim, de vez, elas que me aparecem como uma navio enorme no meio do oceano, onde metade desse navio chega ao nível das nuvens e daí mais não se vê.
Tenho um problema grave com palavras, elas usam-me, aparecem dentro de mim e não sei usá-las, não consigo agarra-las ao certo, chegam e dizem olá, andam às voltas, aparece uma sensação, e se me distrair um segundo "adeus"; detesto-as. (Os adjectivos são de longe os maiores falsos que conheço, faço de tudo para não os usar. Com os verbos ainda dá para falar.)
Detesto a grande maioria dos meus textos, não tenha tema que escrever, e detesto igualmente a infantilidade da minha imaginação. Uma barreira, e lá no alto uma voz que conheço mas que não consigo chegar. A história "Encontro" é quase como se acreditasse no Pai Natal. Enerva-me fazer algo tão irreal, mas é o impulso que sinto, até por saber que o que escondo por trás dele poucos o conseguem ver, no meu inconsciente, e que nunca chegarei a dizer, pelo menos à maioria. (Não vale dizerem o contrário, é que nem tentem por favor.)
Adoro a comunicação corporal, risos, olhares, lábios torcidos, mãos com vida própria, toques lentos e sem mal, a postura do corpo, tudo isso encanta-me, não há entendimento mais profundo. Percebo ainda muito melhor, é-me mais natural. Mas há limites que a realidade não permite passar, e o recurso às palavras torna-se tão necessário até chegar à banalidade, muitas vezes acontece-me, mesmo que a intenção, como o é na grande maioria das vezes, seja a melhor.
Detesto MSNs e HI5s, aliás, detesto escrever pela net, não é humano. E esta incompreensão, o de não saber exactamente em que estado estão os outros, seja ao vivo ou não, faz-me usar um registo parecido com muita gente, quando há pessoas que merecem um especial, diferente. Perco muito tempo a pensar no que dizer, a medir palavras, a virá-las ao contrário à procura dum duplo significado, códigos que tento pôr e outros que vejo - julgo eu -, tanto nas minhas palavras como nas de outras pessoas. Mesmo este post é um código, como a maioria dos meus, mas neste a falta de coragem é ainda maior. E quando que estou prestes a atingir o que quero, elas riem-se de mim e dizem adeus. Os remorsos aparecem quando sou obrigado a soltar o que tenho. Como se, com algumas pessoas, exija no mínimo a perfeição nas minhas palavras.
Sinto-me tão vazio, é como se estivesse tudo à minha frente e por alguma razão não consiga agarrar. Acho que é isso que me está a acontecer, estou a deixar passar as palavras duma pessoa, embora pretenda o contrário. Ou então esteja a fazer uma grande confusão. Adorava poder ser mais explícito, mas também há o medo de perder o "pouco" que se conquistou, e com isso o que ainda pode vir. Com outra peço o sublime.
Apetecia-me dizer um nome que tenho repetido, e muito, mentalmente. E é melhor assim, não merece tamanha vulgarização.
3 comentários:
Andamos em marés revoltas e incertas ? quanto ao "detesto escrever pela net, não é humano" vou ter isso em conta na parte que me toca!
Tenho um ódio repugnativo ás praxes, nunca fui e no dia em que for bem que vem o mundo abaixo. não as acho racionais, e eu até tenho bastante sentido de humor.
E não seremos todos como o mar, uma vezes suaves outras vezes revoltos(?)
No que falas-te de mim, aviso-te que sou má pessoa para me sentir tão lisonjeada, depois nao quero outra coisa. Garanto-te. E agradeço, também gosto destes nossos dois dedos de conversa que volta e meia se dão :)
Eu li, mas não assimilei as palavras. Senti que estas confuso, e indignado,também apaixonado e receoso, mas foi como escrevi não assimlei muito bem as palavras ficaram algumas coisas mas muito vasas. Descordo totalmente quando dizes que a tua imaginação é infantil.
Concordo plenamente contigo quando dizes que virar as costas não é solução. E, sim também se trata de ver e «aceitar» o mundo e a sociedade em que estas inserido. A falta de inspiração, o vazio, o sentir-me calma talvez seja devido ao facto de ter tido uma sensação nova muito boa. Em que me sentia em paz, calma porque assim o sitio te transmitia isso... Paz de espirito e com a paz de espirio veio-me que o mundo era um sitio harmonioso, calmo e fez-me sentir viva, inspirada, forte e completa. É disso que se trata de ela se ter «desaparecido», se é que é uma palavra certa.
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