Não é necessário que saias de casa. Fica
à mesa e escuta. Não escutes, espera apenas.
Não esperes, fica em silêncio e só. O mundo
virá oferecer-se a ti para que o desmascares,
não pode fazer outra coisa, extasiado, ´
contorcer-se-á diante de ti.
Franz Kafka, "Aforismos"
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Por esculpir
À minha mão trouxeram gritos duma montanha, vindos em farpas trincadas que deram num rectângulo esquecido no mar. Cumprida que foi a caixa, ficou uma viagem à horas por terminar. Entre estas colinas o motor custa a manter, pedras agigantam-se a cada roda, nas margens troncos espetados providos com um chapéu verde, tento acelerar pois à montanha nunca mais e eis quando os troncos tiram os chapéus em sinal de cumprimento, tal como o vento às folhas do chão. As horas dão sinal num aparelho antigo, e a montanha parece afastar. Nela, em imagens de longe, conheci uma rocha duas vezes o meu tamanho, repleta de vegetação que combina entre si o assalto. A rocha, cinzenta e sem mãos, está obrigada a perdoar; espera sem saber o motor que há-de chegar.
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5 comentários:
Adorei as analogias, Nuno.
Obrigada Nuno, pela força.
Desculpa a história do texto, se quiseres (e se o convite continuar de pé) podemos continuar.
(Voltaste a escrever com sentimento, já te passou o tal problema. Pelo menos neste texto.)
se eu tivesse uma coisa chamada vida neste momento, ainda te dizia que um dia possa esbarrar contra ti e roubar-te a carteira, mas como agora o tempo é pouco, vais poder andar descansado pela rua. ahah
amor novo, um aliviar do pesar do ultimo ano.
espero para ti a mesma sorte, Nuno. fazia-te bem (e desculpa se me estou a meter demais ao dar esta 'opinião')
Fiquei a esculpir o pensamento
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