Doí-me o coração, ultimamente têm-me doído cada vez mais, e desta vez não é metáfora nenhuma. Fisicamente sinto-o a pedir ajuda ao resto do meu corpo, a ter cuidado com movimentos rápidos, a tentar não me dobrar tanto, evitar esforços também - eu que até foi o melhor nas corridas de resistência na minha turma, e ainda esta semana cheguei a surpreender o meu irmão e algumas pessoas que estavam por perto durante um sprint que fiz.
O músculo que me doí é apenas esse, parece implorar por mais espaço, ou simplesmente deixar-se fluir. Talvez esteja a sarar, ou então pode ser o vulcão a libertar as últimas lavas, não sei. O que sei é que A amo mesmo muito, mais do que suspeitava, e agora não posso fazer nada por isso, agora já não. Parece-me ainda que, no único momento que me foi realmente concedido para fazer alguma coisa, era eu que, a meu entender, não podia. E assim, o silêncio que sempre imperiou e poderia ter criado um vasto reino, espalhou-se desornadamente pelas ruas, não deixando qualquer indicação. Com as pedras da calçada a caírem à minha frente, num espaço vazio que se abre sempre que possa tentar um mudar de direcção, apesar de vê-las no instante antes. Nem me atrevo sequer a tentar baixar-me e segurar uma nas minhas mãos a ver o que acontece, não me atrevo a desorganizar ainda mais.
"Por delicadeza perdi a vida." - Rimbaud
6 comentários:
Não te deixes consumir por essa dor sim?
Nuno, o amor é um jogo por si só já derrotado. A nossa tentativa é sempre que ele saia vitorioso. O nosso corpo - o teu coração - por si só já é uma falha e a nossa tentativa é de esquecer isso e ganhar a vida a saborea-la. Ninguém perde a vida por delicadeza, porque provávelmente a vida nunca nos pertenceu... tal como o corpo.
Se já está tudo perdido e já porque arriscas?
Começo a achar que não é simplesmente suposto que as coisas corram bem.
Trata desse coração, ok?
então Nuno?
Temos falado só de mim.. Desculpa, amnhã tento ir ao msn *
Não, acho que me interpretaste bem. O que é facto é que ainda há muito boa gente que acredita que as coisas terminarão sempre num final feliz o que, para além de acabar em grandes desilusões, faz com que nem sequer se esforcem e lutem verdadeiramente pelas coisas.
Quando digo que começo a achar que não é simplesmente suposto que as coisas corram bem, digo.o porque - e já pensei inúmeras vezes nisso - é preciso demasiadas coincidências para que tudo resulte; é preciso que demasiadas variáveis se combinem sempre, entendes? O que há mais é desencontros e, se pensarmos bem, a probabilidade de estarmos em sintonia com uma pessoa é infinitas vezes mais pequena do que a probabilidade do contrário.
Desculpa.me tu, desta vez. :)
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