Não é necessário que saias de casa. Fica
à mesa e escuta. Não escutes, espera apenas.
Não esperes, fica em silêncio e só. O mundo
virá oferecer-se a ti para que o desmascares,
não pode fazer outra coisa, extasiado, ´
contorcer-se-á diante de ti.

Franz Kafka, "Aforismos"


quarta-feira, 3 de março de 2010

...e caso alguém se tenha mantido invicto, a bandeira branca que ainda lhe noto atrás das costas - mesmo agora com as minhas armas em repouso - diz-me que a porta ficou, talvez, apenas semi-fechada. E se o que em tempos vi e permitiu a criação de telas, no silêncio continua a aparecer e sorrataeiramente cria um sorriso em mim, então posso dizer que os horizontes se alargaram, por trás dos montes estou seguro que os riachos não cessaram. E nenhum rio em que agora me refresque, sei que terá o pH concordante. Deixarei de lado a descalibrização, pois mesmo que em outras águas consiga não só entrar a fundo mas também aumentar a sua biodiversidade, não demorar até os riachos me aparecerem em mente, com as luzes que à noite a Lua e as estrelas nesses espelhos reflectiam.
Apenas nessas chamas, o frio não aparece. Somente nessas águas, me sinto em pleno para boiar. Nem que o risco de mergulhar em cinzas se torne real.

1 comentário:

pecado original disse...

Este último parágrafo sabe a água salgada!