Não é necessário que saias de casa. Fica
à mesa e escuta. Não escutes, espera apenas.
Não esperes, fica em silêncio e só. O mundo
virá oferecer-se a ti para que o desmascares,
não pode fazer outra coisa, extasiado, ´
contorcer-se-á diante de ti.

Franz Kafka, "Aforismos"


sábado, 27 de março de 2010

Àguas frias
invadem o meu corpo. Não é de meu poder evitar.
E por entranhas oiço pingar.


(Quem me ouve julgará que ao invés foi a lucidez a afectada
mas... como vejo! ]


O corpo - ele -
que se encheu de buracos
sem ao espelho dar sinal de qualquer mudança.


È raízes que - nas suas divagações -
tentam ganhar espaço em redor, usando suas extremidades.
Ventos que me percorrem
e seguem novamente a sua rota, do outro lado.
Chuvas que não é a pele que tocam,
aumentando as albufeiras das barragens.
Ao mal olhá-las
as nuvens sugam-me o ar dos pulmões. E de branco
passam a escuras carregadas, num céu infinito.


O chão das modernas cidades
é hoje impermeabilizado, e não aceita a menor gota
correndo ela para um grande monte, onde escondida do Sol e seus raios, leva
recordação folhas desprendidas e outros como recordação de caminhos
ao mesmo fundo labiríntico onde mesmo sem nada
acabaria.


Há zumbidos pelo espaço
e rostos que se assegura já terem sido vistos, mesmo não o sido
e mesmo que capaz de adivinhar seus movimentos.
Algo que sai das mãos
quando se apalpa no ar o vazio por mero apalpar
.e depois em concha pretende-se recuperar
o que em alto já vai.
O peso da gravidade
levando ao chão somente ramos secos e leves ervas verdes...


Fiquei contigo
sem ti.

1 comentário:

MafaldaMacedo disse...

Achas que consegues ir ao msn hoje ? amnhã vou de férias.. queria falar contigo antes de ir :)