a mesa vê-se cotovelada
dedos que se agigantam e num instante
os cinco agarrados sem que atente aos cinco agarrados
os cinco agarrados por si numa cartilagem que inquirirá a matéria
a chegada é audível mas do outro lado do tampo
resposta alguma, resposta alguma no mesmo tom
já que decerto ondas sonoras galgando o meio
e pela chegada, ou pelas ondas, ou pelas duas
ergo lentamente o pescoço, redefino a visão
deslocando-a do plano das paredes em que me encerro
para o plano para lá destas paredes
longe dos sentidos
que se encerram nesta divisão, sentidos não esquecidos, possivelmente
e que se metamorfoseam na cadeira em que baloiço
com o seu ranger, com a sua rugosidade advinda do uso
fosse ele qual fosse, e que agora de nada serve recordar
os sentidos estas pequenas folhas pelo chão
e o próprio chão como sentido
mas sentidos esses agora para trás, nem que se tornem apenas momentaneamente para trás
e agora o lá fora, seja o lá fora para o qual agora me viro desta janela o que for
e que poderá ser o carro que me foge lentamente da visão
e cujo significado desconheço, mas cujo barulho se estende mesmo após o seu escapar
da visão que agora da rua apenas a rua
sabendo, contudo, que a rua não só a rua
e a minha face que agora examino no vidro
com a rua em contexto a minha face no vidro
mas não devo jurar que a minha face no vidro
talvez se torne mais fácil garantir o vento
e o que a ele se prende ao mover-se
um chapéu tornado ave rodopiante com uma pessoa de mãos estendidas a reboque
ainda que do chapéu sinal nenhum em instante
sinal sim
dos braços estendidos que depressa se unem aos joelhos
e que acompanho sem pestanejar numa respiração que se evaporou com o olhar
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