um desejo
poder falar-te sem do meu tom desconfiar
sem receio dos sentidos a que me poderia envolver
livrar-me da mão reticente, trepando a nuca
esquecida a vasculhar espaços que se apresentam
baixando o olhar de forma a disfarçar
o olhar que enquanto distraído te lanço
deslocando-me
e que jurava ver devolvido
tomo-o como devolvido, absorto em mil cogitações...
de repente estás ao meu lado, prestes a sussurrar-me qualquer coisa
mesmo que distante, mesmo que da minha distracção
resposta alguma
e, no entanto, desejando ser eu capaz de
um toque natural após dado, sem que previsível antes de o fazer
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