Não é necessário que saias de casa. Fica
à mesa e escuta. Não escutes, espera apenas.
Não esperes, fica em silêncio e só. O mundo
virá oferecer-se a ti para que o desmascares,
não pode fazer outra coisa, extasiado, ´
contorcer-se-á diante de ti.

Franz Kafka, "Aforismos"


sexta-feira, 1 de maio de 2009


Não sei como escrever isto, não sei o porquê disto, faço e pronto. Acho que por agora chega. Mas porquê tão mal me sinto? Porquê escrever este post sem o objectivo de ser lido
(pura verdade, desaparece agora)
Ao meio dum artigo em inglês sobre Lobo Antunes isto
-"I am you and you are me; where you are, I am, and in all things I find myself dispersed"
e é isso mesmo, para quê mais? Eu é que não me conformo e de novo a vontade de escrever, talvez também te perguntes por vezes
(não meto ponto de interrogação por saber que nada vais dizer; ando chateado contigo, bem sei que nunca te pôs os olhos em cima,uma palavrinha ou outra de vez em quando, algum contacto, morada, nada, mas estas tentativas deviam contar para alguma coisa, a minha mente convence-me que sim)
o porquê desta porra de andar por aqui a roer a roer e nada
(alguma coisa na cabeça que não para, não sei)
a sério, nada. No fim umas linhazitas
(ok, reconheço, as tuas são infinitamente melhores, mas por enquanto não me dou por vencido)
e? Será que isto apaga alguma coisa, que se ganha ao certo. O problema é que assim que se para de novo aquele sensação
(descansa, não vou descrever, não é preciso descrever, eu que tanto odeio definições e filosofias)
o cansaço?
(desculpa, não sou de promessas)
não, nada disso mas também isso, a minha única certeza são uns instantinhos onde a mão
(quando arranjam o caraças dum lápis para escrever no pc?, isto não dá jeito nenhum)
se esquece de nós e segue trinfual
(no meu caso pouquíssimo triunfal, ainda te lembras?, talvez aos 19 também)
e o saber ser ímpossível parar, leva-me a ficar ali ver a malandra vaguear sozinha
(a mim afigura-me que sozinha)
concluído o devaneio, le-se aquilo tudo
(os erros que se faz à primeira meu deus, sou mesmo assim?)
significado procura-se e nada de especial
(por vezes tento enganar-me descaradamente e digo que assim é que tem piada)
palavras ambíguas, profundidade onde?; verbos e nomes dali para fora
(como raio fazem os poetas esta treta?)
para ficar bem, olha-se desanimado
(eu pelo menos olho desanimado, uma vez ou outra o lábio eleva-se um milimetro e apenas eu sei, uns minutinhos contente e aí vêm a sensação)
mas esquece, nada disto interessa, mais valia não teres lido. Bom mesmo foi para mim, já consigo respirar naturalmente de novo
(por enquanto)
os pensamentos acalmaram, nada na minha cabeça a bater incessantemente nos muros para sair, de novo o vazio
(tenho dado muita atenção ao vazio ultimamente, lembra uma praia vazia ou não?)
agora tudo embora
(descansado, não tarda muito já de volta duma crónica ou assim; também faço planos de ler pela 3ª vez o Arquipélago da Insónia)
e deixem-me em paz
(desculpa a sinceridade; apesar de avisar que a desculpa não é totalmente sincera)
tou no vazio.

14 comentários:

Joana M. disse...

eu gostava era que me explicasses.
vai práqui um debate interior que eu leio duas vezes e desenho, lápis no computador, um ponto de interrogação grande.

Aubergine. disse...

Grandes confusões que andam por aí não Nuno ?

Tempo, sempre gostei, a definição que lhe dás é única, mas não deixa de ser sempre O tempo.

Beijinho *

U disse...

Cheira-me a confusão, descontentamento e desistência. Não gosto do que leio, pela simples razão, que vejo vazio e solidão em conjunto. Acho bem que vás ler, que te distraias. Falas ali de vazio e associas à praia. Talvez para espairecer devas ir dar umas caminhadas. Repito, não gostei do que li. E não acho nada bem que te isoles ou o quer que seja, duvido (ou pelo menos penso) que te venha inspiração assim. E cheira-me a mais um variado conjunto de problemas, que origina desorientação.
(Peço desculpa, sei que soa a intrometida, mas há coisas que me tiram do sério - vazio e solidão - portanto, peço desculpa mais uma vez.)
Nunino, não deixes de escrever, ai de ti. *

Joana M. disse...

gostei da imagem, fizeste bem em acrescentar.
provavelmente nenhum dos dois tem razão - tu no vazio, eu na poeira. (gosto tanto, tanto das tuas palavras..)


é estuúpido, mas acho que tenho a ver contigo. eu avisei que era estúpido, vá :p

U disse...

Mau, mau. Então o que é?
Eu quero é perceber.

U disse...

O futuro portanto. Pronto, se não era isolamento, era mesmo isso.
Lá está, eu já me ando a conformar que preciso de mais tempo. :s

U disse...

O que tinha piada era dares-me o teu mail!

Joana M. disse...

Vou-me meter numa encrenca de todo o tamanho, Nuno.

Aubergine. disse...

Manif ! Força , eu sou a primeira :D

Que essas confusões se resolvam Nuno *

Beijinho.

U disse...

Don't worry, mas quem esteve por aqui disse-me que és mais rápido que uma flecha. xD

pecado original disse...

Dá-me lá um lapis de cor sf.

Joana M. disse...

não sei como tens paciência para os meus desabafos, Nuno.

tão obrigada - sabes?quero ver o comboio e poder acenar, subir a bordo.
tu vais em que carruagem?

Joana M. disse...

E ajudas sempre, aí é que está :')
Eu praqi a falar que estou à espera de um amor que não sei se volta e das tuas inquietações nada sei Nuno. A vontade de te ajudar (também) aqui está. No coração em demasia.


Vou querer saber porque é que não avança a tua linha férrea.

Joana M. disse...

eu também não tenho dessas tendências, só amei um rapaz e só me entrego porque sei que (ele) vale a pena. mas se tu não porque não avançam os carris? se não é por uma rapariga então pelo que é?