Não é necessário que saias de casa. Fica
à mesa e escuta. Não escutes, espera apenas.
Não esperes, fica em silêncio e só. O mundo
virá oferecer-se a ti para que o desmascares,
não pode fazer outra coisa, extasiado, ´
contorcer-se-á diante de ti.

Franz Kafka, "Aforismos"


terça-feira, 29 de junho de 2010

Day 17 - A song that you want to play at your wedding

Wonderful One


A resposta a este tema foi quase imediata, apesar de nunca até aqui ter pensado no assunto, e também achar que mesmo assim não a ponha a tocar, foi mais a escolha de uma música que tem claramente alguém especial como destinatário, com uma letra e mensagem com que me identifico, e com o Jimmy Page em guitarra acústica. :P 

Day 16 - A song that you listen to when you’re sad

Esta música é para mim como uma neura, repito alguns frases da música constantemente, normalmente em situações em que pareço ter alguém no meu cerébro a olhar para mim e a dizer: "Where is my mind?". Foi escolhida para banda sonora de um dos melhores filmes contemporâneos, Fight Club, e encaixa perfeitamente no espírito do filme, o que para quem viu o filme já deverá dizer muito. Sem dúvida uma das minhas músicas favoritas.

domingo, 27 de junho de 2010

Day 15 - A song that you listen to when you`re happy



Não é que oiça particularmente esta música quando me sinto feliz, nem acho que mude muito em relação às músicas que normalmente oiço, mas acho que esta fica bem no tema. :)

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Day 14 - A song that you listen to when you’re angry


Talvez a música mais pesada entre as que gosto, talvez  aquela em que a letra vá também a um limiar entre a racionalidade e a raiva que me permite em qualquer altura identificar-me com a música, mas sim, principalmente quando estou mais zangado, e que ao mesmo tempo também me permite acalmar um pouco. Adoro ver - e ouvir - o Jimmy Page tocar guitarra com um arco para violinos.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Day 13 - A song from your favourite album


The Doors. Esta foi a escolha em que estive mais tempo a pensar, e também a única que me obrigou a fazer alguma pesquisa ao meu gosto musical, a forma como forma feitos e maneira como me marcavam e ainda marcam, a forma como os considero originais. Não posso dizer ao certo que é o meu favorito, mas está entres os meus favoritos, num grupo final onde tambem tinha albuns como Nevermind, Incesticide e In Utero dos Nirvana, Are You Experienced e Electric Landyland de Jimi Hendrix, Closer dos Joy Division, Led Zeppelin I; II; III e IV dos Led Zeppelin, The Bends e In Rainbows de Radiohead, Surfer Rosa e Doolittle de Pixies.
Acho que The Doors, o album de estreia dos The Doors, ganhou pela originalidade, pela marca que ainda deixa, o carisma e espirito do album e da banda, por ser o album em que surgiu musicas tão importantes para mim como "Break on Through", "The Crystal Ship", "Light my Fire" - a primeira música alguma vez escrita pelo guitarrista da banda e que chegou a número um rapidamente, sei-a de cor -, "Back Door Man" e... esta fantástica "The End". Sujeita a já diversos covers, que aparece no início do mitíco filme Apocalypse Now, e que sempre que a oiço me deixa num outro estado, como sujeito a uma verdadeira sessão de rock psicadélico, confrontando-me comigo mesmo. Simplesmente, adoro o poema. Se "People Are Strange" e "Riders on the Storm" fizessem igualmente parte deste album então aí é que não havia mesmo dúvidas quanto ao favorito.

terça-feira, 22 de junho de 2010

(...)


Os pés sentiam calçadas, asfalto, escadas algumas vezes. Um passeio por ruas onde poucos carros se cruzam, e, quando o fazem, enchem o caminho por completo. Em redor, apenas o barulho de algumas janelas a abrir, de passos a fazerem eco fazendo tomar noção de sítios ao lado, alguns estabelecimentos abertos, outras pessoas que passavam e depressa se escapavam noutro emaranhado de becos qualquer.
-Não andamos em voltas? Isto é tudo igual, ruazitas pequenas a subir ou descer... Tenho a sensação de já aqui ter passado.
-Acho que não. - levantou a cara, deixando o olhar prosseguir até onde podia - Pelo menos não me parece. Andamos mais um pouco e depois vê-se, tenho a certeza que não devemos estar longe.
-Mas ao menos conheces a zona? Sabes mesmo onde isso fica?
-Sei, sei. Como te disse, perguntei-lhe ontem, é só subir ali. E já passei aqui algumas vezes.
Os seus passos tornavam-se rápidos em comparação com os dela. Tentava andar mais devagar, a olhar para o que o rodeava, como à procura de uma indicação qualquer. Virou-se para ela:
-Queres parar um pouco? Queres ir a um café?
-Não, não, não é preciso. Porquê?
-Está calor… - para um pouco -, podias querer beber qualquer coisa.
-Agora não tenho sede.
A rua em que seguiam estreitava em poucos metros, ficando practicamente entregue a casas e passando de mero asfalto a escadas de calçada. No cimo, olhando de relance, viu-se passar um carro. Ele virou-se rapidamente para ela.
-Estamos quase. Aposto que dali já se vê.
-A sério?
-Sim. Estamos perto, anda.
Continuaram mais um pouco, até ele reparar que a deixava novamente para trás e que agora tinha na cara uma expressão de incómodo. Ele parou a olhar para ela.
-Dói-me o pé. - disse-lhe.
-Dói-te o pé?
-Sim. Não sei, é mais ou menos aqui. - e abaixou-se indicando onde a zona, aumentado a cara de dor.
-E agora? - voltou momentaneamente a cara em direcção ao topo das escadas, deixando cair o braço.
-Não sei... parece-me ser um dedo qualquer...
-Doí-te muito? Queres parar?
-Sim... um pouco.
Sentou-se no passeio, apoiada na parede de uma casa e no ombro dele. Ele fez o mesmo, tocando-lhe em seguida ao de leve no pé. Ela mexia na mala, que estava ao lado das pernas cruzadas. Tirou a máquina, e tinha-a agora segura, à frente dos ombros, pronta para disparar enquanto olhava em volta, à procura duma imagem. Ele seguia-lhe os olhos.
Um miúdo passou a correr, vindo do nada, com outro a surgir de seguida do mesmo local, parecendo que quase a cair. Os dois faziam uma espécie de grito que se misturava com sorrisos e ficou como eco entre os prédios até desaparecerem atrás de um. Um homem veio à porta dum café a bater com os pés e bracejando enquanto lhes gritava, por momentos cochichou qualquer coisa para dentro sem de lá receber sinal, acabou por olhar para cima e ver uma mulher apoiada à janela, os dois abanaram a cabeça e trocaram meia dúzia de palavras, olhou de novo para o sítio onde deixou de os ver e acabou por entrar. Ela fotografou as suas pernas enquanto corriam, no instante em que o primeiro já se preparava para virar. Os risos perdiam força à medida que se enfiavam cada vez mais no resto da cidade.
-Apanhaste-os?
-Sim, mas a foto ficou mal.
-Deixa ver. - e chegou-se mais perto, olhando para a câmara.
-Já apaguei. Não valia a pena deixar.
-Gosto daquela casa - apontou - é um bocado antiga mas parece ter qualquer coisa, não sei dizer o quê.
-Hum... não gosto muito. A fachada não me parece nada demais, nada nas varandas... achas que vive lá alguém? - os cabelos taparam-lhe a face quando se virou para ele.
-Não sei, talvez. Pelo menos eu acho não me importaria muito. Parecem ser umas paredes com mais que tijolo e cimento. - Chegou-se para trás, levantando o braço direito e deixando a mão suspensa no ar, frente à boca que parecia dizer alguma coisa. Os olhos ficaram mais pequenos, com o cabelo a cair pela testa. Os joelhos estavam levantados, sobre as pernas cruzadas.
Enquanto isso, a câmara estava agora caída sobre as pernas dela, com as mãos por cima; os olhos estavam baixos. O vento fez uma janela abrir ligeiramente a voltar atrás num instante a seguir, levando consigo o ar que tinha apanhado e movendo o resto do que foi uma cortina. Os olhos dele voltaram a pestanejar, repetindo o gesto muitas vezes, até que abanou ligeiramente a cabeça fechando-os um pouco. Reparou como ela estava, e tocou-lhe a mão, massajando-a lentamente, olhando-a sem que ela se movesse. Levantou por instantes a mão para lhe retirar a câmara, que olhava agora como se quisesse recordar como funcionava; esteve assim alguns uns segundos. As mãos mantinham-se juntas, até ele segurar na máquina e, inclinando-se um pouco para trás, tirar-lhe uma fotografia. Quando baixou um pouco a máquina, destapando a cara, ela reparou que sorria.
-Não gosto que me tires fotos assim. Fico com um ar de parva.
-Então estas podem ficar para contrastar com todas as outras que tiras. - disse, sorrindo. Ela virou-se para a sua frente, escondendo com os cabelos o sorriso que se notou pelo barulho diferente da respiração. Voltou-se de novo, a disfarçar um pouco o sorriso. Ele tinha a cara apoiada na palma da mão. Olhavam um para o outro. Na casa janela abria e fechava.
-Vamos? - perguntou, um pouco depois, ainda na mesma posição.
-Sim, - respondeu mantendo o sorriso, e ligeiramente subindo o seu rosto - já estou um pouco melhor.
Ele levantou-se de pronto e, olhando-a, estendeu a mão, ajudando-a a subir. Sorriram um ao outro quando retomaram a caminhada, conversando e virando-se constantemente um para o outro. A máquina estava segura no ombro, e ia fazendo um barulho de quando em quando ao deslizar pela roupa.






Na parte final deste conto, enquanto o escrevia e, entre outras coisas, lembrei-me deste filme, e de imagens como esta:

Day 12 - A song that describes you



È um tema difícil, por isso decidi por uma música que apesar de me rever em muitas coisas especificamente, não deixa de os abordar de uma maneira mais geral, sem tirar nada.
Uma das melhores músicas que conheço, excelente melodia, excelente voz, boa letra.

domingo, 20 de junho de 2010

Day 10 - A song from your favorite band


Nirvana. Não sei o que posso dizer hoje, acho dificil para mim falar de Nirvana sem ao mesmo tempo falar do que representa para mim, as letras, as melodias, Kurt Cobain... Também é o medo de focar só um aspecto quando amanhã posso me rever mais noutro como tantas vezes acontece, e assim não gostar da sensação de me associar apenas a alguma coisa, acho que tem de ser a quase tudo, e sobre isso seria demais para falar aqui. Acho que posso só acrescentar isto, o facto de não os considerar os melhores, considero Led Zeppelin, mas serem os meus favoritos por um todo que nem sempre consigo explicar.

Muitas noites já os tive como exclusiva banda sonora.

sábado, 19 de junho de 2010

Day 9 - A song that makes you fall asleep


Ao contrário do que pode sugerir o tema, eu adoro esta música. Aliás, é a minha música favorita do séc.XXI, do meu albúm favorito do séc.XXI, In Rainbows, daquela considero ser a melhor banda da actualidade, Radiohead. O efeito de dormir é algo que é consequência da música em si, como um estado intermédio que a banda procurou colocar na melodia, e que ficou excelente.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Day 08 - A song that you can dance to



Não é que esta seja propriamente uma música para dançar, mas a verdade é que simplesmente odeio a grande maioria da música de dança que conheço e hoje em dia está na moda. Interpretei o tema como uma música que me dá vontade de mexer, não é é bem para dançar. Dos Rage Against the Machine, a melhor banda de protesto, e que nos seus concertos pendura uma bandeira em tamanho gigante com a foto de Che Guevara.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Day 7 - A Song That Reminds You Of A Certain Event


Concertos. Não por esta música em particular, que não deixa de ser espectacular por isso, mas pelo artista em si, Jimi Hendrix. A ideia que tenho de música ao vivo vêm principalmente dele - e também um pouco de Led Zeppelin, Joy Division ou Nirvana. Talvez mais do que o talento absoluto, para mim acho que vêm ainda este espírito que nele encarnou e se prolongou na guitarra, é algo único. Acho que qualquer banda de rock, e não só, deveria ter nas influências Jimi Hendrix mesmo que não seja fã pelo que mudou depois dele, depois de "fazer com a guitarra aquilo que ninguém sonhava ser possível", e sobretudo a forma como o fez, tão pessoal e única. Woodstock deve ter sido o festival do século, e Jimi Hendrix o seu principal protagonista.

P.S: È neste concerto que, entre outras coisas, ele incendeia a guitarra. Adoro o olhar da rapariga aos 8:52, como a perguntar: "Onde estou...?".

terça-feira, 15 de junho de 2010

Day 6 - A Song That Reminds You Of Somewhere

Madredeus - Alfama


Alfama. A maneira como as casas saltam para aquelas estreitas ruas, os becos que se encontram, as pessoas que ainda lá habitam... Alfama é uma cidade dentro da cidade, é um ambiente próprio que ali se formou desde o tempo em que os mouros foram expulsos do Castelo e tiveram de descer a colina. Alfama não é só uma espécie de terra encantada pela forma como está construída, não é só os bares importados que ultimamente a têm invadido, nem é só o Miradouro de Santa Luzia ou alguns monumentos, o electrico a estreitar entre ruas, prestes a saltar da linha, Alfama é sobretudo uma curiosidade constante, a possibilidade de mudar de mundo com um simples passo, de num lado estarmos a passar por uma tasca onde ainda se pode ouvir vozes rijas, a possibilidade de descermos uma escada cheia de gatos enquanto por cima de nós estará talvez um quarto ou outra qualquer divisão de uma casa, de vermos pintores e guitarristas de rua, a possibilidade de vermos algo vivo e independente, e de ao mesmo nós descobrirmos a nós próprios enquanto andamos, e nos rendermos a algo maior.

sábado, 12 de junho de 2010

Day 4 - A Song That Makes You Sad



Não é que considere esta uma música triste, muito pelo contrário, mas ouvir Joy Division é sempre um confronto, é como olhar um espelho e ver os nossos medos a tomar forma e moldar-nos a face. Contudo, é algo que me faz bem, é algo que acaba como que me fazer seguir em frente, melhor, assim que passe o embalo, mas até ele passar é sem dúvida uma mistura de sentimentos e pensamentos negativos, e esta música, com esta melodia e principalmente com esta letra em que tanto me revejo, tanto de forma geral como num situação em particular, bate fundo em mim. Sem dúvida, uma das minhas músicas favoritas.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Day 3 - A Song That Makes You Happy



"I think this is a song of hope..."

Muitas vezes passava pelo Chiado e nem sempre com grande ânimo, mas às vezes estava lá um homem com uma guitarra eléctrica sempre a tocar esta música, e ouvir esta música, ainda por cima em pano de fundo, sempre me deixou feliz. Sempre que o vi deixei-lhe lá umas moedinhas.

(Idiota, estúpido, otário, etc)

Há momentos em que adoraria ter o rosto transfigurado, em que acho que seria melhor ter dificuldades em falar, em que seria melhor manter sempre um escudo pois assim, perdido pelo passado como por agora estou, não consigo nem devo tentar uma viragem repentina como se tudo se podesse apagar. Fizesse isso, tivesse tido mais cuidado, e ontem não teria visto umas lágrimas totalmente injustas para quem as chorou, e que não esquecerei nem me perdoarei. Apesar de ser quase um insulto comparar, também o meu coração não ficou grande coisa. Caminhar por ruas largas e de prédios enormes, de noite, e não ouvir mais que murmúrios contidos ao meu lado, vindos de alguém que gosto... onde qualquer palavra minha me parecia pouco, mas ao mesmo tempo demais.
"-Só mais uma coisa: aconteça o que acontecer, não quero perder a tua amizade. Pode custar agora, mas sei que é isso que quero."
Eu também...

Day 2 - Your Least Favorite Song



Uma escolha difícil novamente, mas aqui por talvez não ter percebido bem o tema. Escolhi uma música que apesar de até gostar não acho que seja uma boa música, parece-me ter uma letra algo pretensiosa e que de certa forma me parece seguir apenas um ponto de vista, além de abusar dum ritmo fácil que assenta bem e fica no ouvido, mas sem grande complexidade. Apesar de em certas alturas me enquadrar nela, no gosto muito do espiríto da música, e não customo gostar de mim quando preciso de ouvi-la.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Day 1 - Your Favorite Song




20 dias com diferentes temas. A primeira escolha foi difícil mas acho que a mais justa.
Desafio da Mafalda que eu só podia mesmo aceitar. :)

sábado, 5 de junho de 2010

Estava num bar de praia, ontem com colegas de curso ao final de tarde. Estavamos em roda a conversar e sem notar aparece uma criança que deveria ter uns 2 anos, um pouco à frente da mãe, e para ao meu lado com uns olhos enormes, como que surpreendida com algo na minha cara. Ficou assim uns 3 minutos, algumas vezes voltando para a mãe e depois regressando. Ao meu lado riam-se, dizendo frases como "ela gosta muito do Nuno" ou "que engraçado.". Apesar de também eu achar piada, a minha primeira reacção e a que perdura é a de ficar a pensar no que seria que ela olhava e porquê.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Curtas



Da colectânea "Paris, Je T`aime", a curta que de longe mais gosto e que é de um dos meus realizadores favoritos, Gus Van Sant. Incrível como mesmo em pouco mais de 5 minutos consegue manter a sua linguagem e dar um filme onde à primeira vista não se passa nada, deixando-nos entrar no seu mundo.
Um frio matinal que me entorpece os ossos...
 um azul escuro que precede o raiar
                                                        e cobre a paisagem em redor.
De pulo não me levante
- num salto à velocidade certa -
e minhas mãos, meu corpo
arrisco.

A um sorriso não sorrir
ao percorrer ruas não chegar a vontade de chorar
[de olhos baixos...
- não reparando em sombras, ouvindo gritos, gatos em telhados -
andando lentamente por calçadas que se estendem
[e num simples virar
a outro mundo chegar.

Chegue eu
à rua onde ainda todos dormindo
no chão bate primeiro o Sol.