Não é necessário que saias de casa. Fica
à mesa e escuta. Não escutes, espera apenas.
Não esperes, fica em silêncio e só. O mundo
virá oferecer-se a ti para que o desmascares,
não pode fazer outra coisa, extasiado, ´
contorcer-se-á diante de ti.

Franz Kafka, "Aforismos"


sábado, 25 de outubro de 2008

Nada é sentido

Tudo o que não sei, aqui escrevo
e escrevo por não saber o que
escrever...
escrevo, sim escrevo, por não saber como escrever.
Escrevo por mais nada saber fazer.

Como gostava de ter objectivos e sonhos,
ás vezes penso que era capaz
de um dia apenas ser.

Dou graças,
a loucura é um devaneio que em mim
depressa se sume,
e com ele, toda essa
irreal desapontação que agora senti
por em mim não haver.

Ao sentir os meus sentimentos
sei que não me pertenço,
gostava de ser apenas alma
e em redor navegar.
Tão difícil que é apenas ver.

Não me posso entregar,
nunca em inteiro como gostava,
como gostava de apenas levitar, não sentir.
Pois de mim há quem depende,
pois há outros dos quais ainda dependo...

1 comentário:

Rita Silva Avelar disse...

Gosto da poesia que há em ti. Do poeta que mostras ser. Estas palavras bonitas que escreves entregam-nos à levitação. Ao puro prazer de ler. A uma verdade consciente, de depender-mos uns dos outros.
Keep writing like that. :)