Um dia irei cobrar a minha dor ao mar
Ele leva bem longe o meu medo
Como se fosse um simples respirar
Dizem que são as gaivotas que o cantam
Mas mais perto tenho sal, ondas, areia e limiar
Tudo o que na minha boca faço
Para que possa andar
Pois este meu gosto nunca deixa de ser o Sol
Mas é muito mais o Luar...
Não é necessário que saias de casa. Fica
à mesa e escuta. Não escutes, espera apenas.
Não esperes, fica em silêncio e só. O mundo
virá oferecer-se a ti para que o desmascares,
não pode fazer outra coisa, extasiado, ´
contorcer-se-á diante de ti.
Franz Kafka, "Aforismos"
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
A Eternidade Só - Parte I
-Se fosses condenado a passar a eternidade sozinho, e pudesses escolher como a passar, onde seria?
-Não sei bem.
-Tenta.
-Está bem. Se pudesse escolher deveria ser numa sala grande, tipo armazém. Os metros não me interessavam, porquê limitar um local onde nunca mais sairemos com os nossos preciosismos?
-E porquê aí?
-Não sei. Mas talvez se estivesse num sítio pequeno podia sentir mais vazio pela proximidade das minhas fronteiras.
(fez uma pausa)
Queria também as paredes caiadas, todos os anos, e era eu que fazia isso. Deixavam já cal suficiente. O chão era em filas de pequenas tábuas, por envernizar; de castanho claro. Com pequenas ondas de tom mais escuro.
Havia sempre luz a entrar por uma única janela, isso, só queria uma janela. E bem lá no alto, para que nem chegasse a ter o desejo de espreitar lá para fora. E mesmo de noite tinha de haver luz a entrar. A luz que vêm duma fogueira. Para que pudesse reflectir numa das paredes todos os jogos de sombras que são naturais das chamas. Como uma espécie de dança ao jeito do fogo. Seriam como quadros sempre prontos a pintar, mudando a cada segundo e embora já sabendo o que iria ver, ficaria sempre surpreendido. Um quadro sem qualquer vestígio na manhã seguinte.
De dia era o Sol. Entrava para iluminar o pó que caía como se fosse uma ampulheta mas sem a particularidade de a poder virar.
(voltou a parar, olhando agora para todo o lado como pedindo às coisas resposta para a sua imaginação)
-Continua.
-Já sei. O tecto, o quanto me deliciaria com um tecto assim. Seria um espelho para reflectir tudo o que perpendicularmente via, mas agora noutra perspectiva. Ainda tenho de pensar se seria melhor um côncavo, como se a realidade se aglutinasse toda num mesmo ponto. Bem, mas continuando. O espelho servia até para nunca me esquecer que continua a existir um outro mundo, que só acaba quando suceder o mesmo ao meu. Da mesma maneira que duas linhas podem ser infinitamente paralelas. Um toque rigoroso da Matemática para suster o meu mundo. Ah, e nessa sala, não podia haver portas.
-Porquê?
-Teria medo que alguém pudesse entrar. Assim seria como se não estivesse realmente sozinho. Havia sempre uma possibilidade.
-E não havia mais nada nessa sala?
-Sim, agora que me falas nisso. Tinha de arranjar algumas odaliscas de Matisse, seriam como que as janelas que não tinha. E também uma guitarra acústica.
-Mas tu nem tocar sabes.
-Não te preocupes, havia tempo suficiente para aprender.
(voltou a parar um pouco, agora revigorava os olhos como que à procura de alguma coisa no passado)
-Agora me lembro. Tinha de haver também uma folha branca presa por uma caneta sem tampa.
-O porquê de não ter tampa?
-Apesar de haver pouco espaço, tinha medo de a perder. Assim não seria uma caneta sem tampa. Mas uma caneta sem a tampa que eu perdi. Ficava diferente.
-Ias escrever uma espécie de diário?
-Não, não iria escrever nada.
-Nada!? Então para quê isso?
-Essencialmente para relembrar o meu passado. Para me lembrar que é com palavras que se pensa e nunca perder esse hábito, mas apenas mentalmente. Pois se escrevesse, seria como se estivesse a alterá-lo e o que realmente passei nunca tivesse chegado a existir. Além disso, tinha medo de um dia encher a folha e não haver mais espaço para o que quero escrever.
-Assim o papel passava a exercer um poder sobre ti.
-Como assim?
-Tinhas a vontade de escrever mas sabes que não o podias fazer, seria como algo imaculado que nunca podias mudar e tinhas de enfrentar sempre.
-Talvez. Mas continuo a prefirir a folha. Também é preciso um certo controlo.
-Mas só te referes a coisas físicas?
-Nunca estive assim, tudo o que dissesse podia ser ainda mais mentira que o que até agora te contei. Ou pior, e isso é que me assusta mesmo. Talvez mais verdade e nós sem saber.
-Sim, é melhor assim desse jeito.
-Não sei bem.
-Tenta.
-Está bem. Se pudesse escolher deveria ser numa sala grande, tipo armazém. Os metros não me interessavam, porquê limitar um local onde nunca mais sairemos com os nossos preciosismos?
-E porquê aí?
-Não sei. Mas talvez se estivesse num sítio pequeno podia sentir mais vazio pela proximidade das minhas fronteiras.
(fez uma pausa)
Queria também as paredes caiadas, todos os anos, e era eu que fazia isso. Deixavam já cal suficiente. O chão era em filas de pequenas tábuas, por envernizar; de castanho claro. Com pequenas ondas de tom mais escuro.
Havia sempre luz a entrar por uma única janela, isso, só queria uma janela. E bem lá no alto, para que nem chegasse a ter o desejo de espreitar lá para fora. E mesmo de noite tinha de haver luz a entrar. A luz que vêm duma fogueira. Para que pudesse reflectir numa das paredes todos os jogos de sombras que são naturais das chamas. Como uma espécie de dança ao jeito do fogo. Seriam como quadros sempre prontos a pintar, mudando a cada segundo e embora já sabendo o que iria ver, ficaria sempre surpreendido. Um quadro sem qualquer vestígio na manhã seguinte.
De dia era o Sol. Entrava para iluminar o pó que caía como se fosse uma ampulheta mas sem a particularidade de a poder virar.
(voltou a parar, olhando agora para todo o lado como pedindo às coisas resposta para a sua imaginação)
-Continua.
-Já sei. O tecto, o quanto me deliciaria com um tecto assim. Seria um espelho para reflectir tudo o que perpendicularmente via, mas agora noutra perspectiva. Ainda tenho de pensar se seria melhor um côncavo, como se a realidade se aglutinasse toda num mesmo ponto. Bem, mas continuando. O espelho servia até para nunca me esquecer que continua a existir um outro mundo, que só acaba quando suceder o mesmo ao meu. Da mesma maneira que duas linhas podem ser infinitamente paralelas. Um toque rigoroso da Matemática para suster o meu mundo. Ah, e nessa sala, não podia haver portas.
-Porquê?
-Teria medo que alguém pudesse entrar. Assim seria como se não estivesse realmente sozinho. Havia sempre uma possibilidade.
-E não havia mais nada nessa sala?
-Sim, agora que me falas nisso. Tinha de arranjar algumas odaliscas de Matisse, seriam como que as janelas que não tinha. E também uma guitarra acústica.
-Mas tu nem tocar sabes.
-Não te preocupes, havia tempo suficiente para aprender.
(voltou a parar um pouco, agora revigorava os olhos como que à procura de alguma coisa no passado)
-Agora me lembro. Tinha de haver também uma folha branca presa por uma caneta sem tampa.
-O porquê de não ter tampa?
-Apesar de haver pouco espaço, tinha medo de a perder. Assim não seria uma caneta sem tampa. Mas uma caneta sem a tampa que eu perdi. Ficava diferente.
-Ias escrever uma espécie de diário?
-Não, não iria escrever nada.
-Nada!? Então para quê isso?
-Essencialmente para relembrar o meu passado. Para me lembrar que é com palavras que se pensa e nunca perder esse hábito, mas apenas mentalmente. Pois se escrevesse, seria como se estivesse a alterá-lo e o que realmente passei nunca tivesse chegado a existir. Além disso, tinha medo de um dia encher a folha e não haver mais espaço para o que quero escrever.
-Assim o papel passava a exercer um poder sobre ti.
-Como assim?
-Tinhas a vontade de escrever mas sabes que não o podias fazer, seria como algo imaculado que nunca podias mudar e tinhas de enfrentar sempre.
-Talvez. Mas continuo a prefirir a folha. Também é preciso um certo controlo.
-Mas só te referes a coisas físicas?
-Nunca estive assim, tudo o que dissesse podia ser ainda mais mentira que o que até agora te contei. Ou pior, e isso é que me assusta mesmo. Talvez mais verdade e nós sem saber.
-Sim, é melhor assim desse jeito.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Os Quadros - "Matisse - La Musique"
És capaz de tocar outra vez?
Porquê?
Mas és ou não?
Não sei. O que fiz parece que fica preso no passado e sinto-me incapaz de repetir.
E se agora eu te acompanhar?
Como?
Tu tocas e eu canto, pode ser?
Não sei.
Porquê?
Tenho medo.
Medo, medo de quê?
De falhar.
Mas porque tens tu medo de falhar? Ainda há pouco estiveste tão bem. Estamos aqui sós. (varreu a largura da sala vazia com as suas mãos) Além disso, eu canto mal. Quem devia estar a ter hesitações era eu.
Pois, mas eu é que dou o timbre. E, acima de tudo, tenho medo de, mesmo não tocando mal, não tocar tão bem como há pouco.
Mas porquê isso agora?
Não sei, nem me perguntes. Isso assusta-me tanto que prefiro não pensar. Há tanta coisa que não sei e perguntam-me. Porque havia eu de saber. Apenas tenho medo, é isso.
Quer dizer então que não tocas?
Sim.
Ok, então canto eu.
Não faças isso. Por favor, suplico-te, não faças isso.
Estás estranha hoje
Se começas a cantar as minhas mãos apoderam-se do meu raciocínio e começo também a tocar. E sei que se começar a tocar assim vai ter de ser à pressa para encontrar o ritmo e nem terei tempo de me preparar. Aí sim, vou tocar mal de certeza.
Ficamos assim então?
Ficamos. E não há nada melhor que isso. Com o conforto dum sofá, longe de tudo, imaginando através dessa partitura as músicas que podiam correr por este lugar mas ficam presas pelo medo. Deixa-me assim ficar. Mais nada te peço. Pode ser que o medo saía. Depois está bem, acompanho-te.
A Vivenda da Morte
À frente de sua casa, e sem explicável porpósito, havia sido colocado uma estátua que tentava representar a Morte. Como nunca foi vista, por ninguém vivo (garantias não tenho quanto aos restantes), foi esculpida como usualmente é conhecida, um velha embrulhada num escuro vestido de capuz, carregando com a ajuda das suas mãos; por vezes mesmo sem elas; um fatídico instrumento muitas vezes usada para a agricultura e que, no meu ponto de ver, neste caso, deverá representar outro tipo de recolha que não simples vegetações mais ou menos verdes.
Esta, como assim dizer, invulgar ideia, teve partido num jovem político que decidiu apelar ao voto das hostes mais góticas que, segundo esse visionário, também mereciam um objecto público para odarar.
O que safa a todos nós e saber que isto é mentira; pelo menos, até não ser mesmo verdade. E tudo para quê, para dizer que esse alguém tinha a Morte à porta, e por mais que fizesse nada conseguia para o evitar, mesmo reclamando; como já o havia feito nas instâncias municipais correspondentes, para a sua remoção. O seu único consolo era que se assim o pretendesse, podia fugir da Morte todos os dias ao sair de casa. Não se pode dizer que seja um previlégio para todos.
P.S: Peço desculpa por estar um pouco pequeno e não muito desenvolvido. Mas só tinha 3 minutos. Obrigado Saramago, a ideia veio do teu último post. È por estas e por outras que este senhor e Lobo Antunes já fazem falta mesmo antes de ir.
Esta, como assim dizer, invulgar ideia, teve partido num jovem político que decidiu apelar ao voto das hostes mais góticas que, segundo esse visionário, também mereciam um objecto público para odarar.
O que safa a todos nós e saber que isto é mentira; pelo menos, até não ser mesmo verdade. E tudo para quê, para dizer que esse alguém tinha a Morte à porta, e por mais que fizesse nada conseguia para o evitar, mesmo reclamando; como já o havia feito nas instâncias municipais correspondentes, para a sua remoção. O seu único consolo era que se assim o pretendesse, podia fugir da Morte todos os dias ao sair de casa. Não se pode dizer que seja um previlégio para todos.
P.S: Peço desculpa por estar um pouco pequeno e não muito desenvolvido. Mas só tinha 3 minutos. Obrigado Saramago, a ideia veio do teu último post. È por estas e por outras que este senhor e Lobo Antunes já fazem falta mesmo antes de ir.
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
A Pior do Dia
António Lobo Antunes, em entrevista ao DN, anunciou que só publicará mais dois livros. Um, que já está feito e chama-se Que Cavalos São Aqueles Que Fazem Sombra no Mar? e outro que completa a trilogia iniciada em Arquipelago da Insónia sobre a vida familiar no campo. José Saramago, no alto dos seus 86 anos de sapiência, está ainda às voltas com um livro, mas não tem grandes esperanças quanto a mais.
Ora, e sabendo que nomes como José Luis Peixoto, João Tordo, Rodrigo Guedes de Carvalho, valter hugo mãe, Jacinto Lucas Pires; Ondjaki e Agualusa se quisermos falar de lusofonia, - escritores que tanto gosto, principalmente os angolanos e Rodrigo Guedes de Carvalho - começaram a espremirem-se internacionalmente. Ficamos apenas, (este apenas refere-se à quantidade, não à qualidade, pois essa é inegável) Gonçalo M. Tavares que com a sua imaginação e racionalismo mecânico vai dando a conhecer o nome do nosso país lá fora.
Espero que Lobo Antunes reconsidere. Pois até que surja outro, ainda vai demorar muito tempo. Já sinto falta da sua enorme densidade, das suas descrições altamente humanas, do medo como me prega ás palavras. Desculpem, tenho de parar por aqui. Fiquei com vontade de ir reler Os Cus de Judas, não se importam pois não? Já agora, talvez tente arranjar mais um ou dois. Tantos que ele nos deixa, e como diz, para dar trabalho aos criticos durante 500 anos. Espero que seja pelo menos esse tempo, pelo menos, pois sendo mesmo 500, para ti, são ainda poucos, muito poucos.
Ora, e sabendo que nomes como José Luis Peixoto, João Tordo, Rodrigo Guedes de Carvalho, valter hugo mãe, Jacinto Lucas Pires; Ondjaki e Agualusa se quisermos falar de lusofonia, - escritores que tanto gosto, principalmente os angolanos e Rodrigo Guedes de Carvalho - começaram a espremirem-se internacionalmente. Ficamos apenas, (este apenas refere-se à quantidade, não à qualidade, pois essa é inegável) Gonçalo M. Tavares que com a sua imaginação e racionalismo mecânico vai dando a conhecer o nome do nosso país lá fora.
Espero que Lobo Antunes reconsidere. Pois até que surja outro, ainda vai demorar muito tempo. Já sinto falta da sua enorme densidade, das suas descrições altamente humanas, do medo como me prega ás palavras. Desculpem, tenho de parar por aqui. Fiquei com vontade de ir reler Os Cus de Judas, não se importam pois não? Já agora, talvez tente arranjar mais um ou dois. Tantos que ele nos deixa, e como diz, para dar trabalho aos criticos durante 500 anos. Espero que seja pelo menos esse tempo, pelo menos, pois sendo mesmo 500, para ti, são ainda poucos, muito poucos.
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
*
não, não me esqueci do blog. apenas quero apresentar o meu melhor. quando acabar o que ando a fazer, ponho aqui.
(vocês deviam perguntar: e que tenho eu a ver com isso? Tal como eu, nada. nem eu próprio sei porque aqui escrevo, talvez procure opiniões, uma discussão, não que digam que está bom (permitem-me ser um pouco convencido, ás vezes até eu sei que está bom, pelo menos assim penso, errado ou não, quem sabe) aliás, por vezes, até prefiria que dissessem que estava horrível, desde que justificassem)
Mas, apesar de todo este aparente descrédito, o que gosto e de saber que vêm o meu blog. Mais não digo, não gosto de acrescentar mais do que tenho feito; quando o fizer, saberão.
(vocês deviam perguntar: e que tenho eu a ver com isso? Tal como eu, nada. nem eu próprio sei porque aqui escrevo, talvez procure opiniões, uma discussão, não que digam que está bom (permitem-me ser um pouco convencido, ás vezes até eu sei que está bom, pelo menos assim penso, errado ou não, quem sabe) aliás, por vezes, até prefiria que dissessem que estava horrível, desde que justificassem)
Mas, apesar de todo este aparente descrédito, o que gosto e de saber que vêm o meu blog. Mais não digo, não gosto de acrescentar mais do que tenho feito; quando o fizer, saberão.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Os Quadros - "Matisse - Odalisque"
"Não, deixem-me, deixem-me agora. Esqueçam que neste canto um coração ainda bate mesmo nunca representado o que acabaram de supor. Esqueçam que vocês poderiam bater com ela, a sério, agora não, hoje não, e este hoje, se pudesse, alastrar-se-ia até sempre. Mas o tempo, sempre o tempo, tão mais fácil não houvesse segundos e minutos, horas e dias para atormentar. Um ininterrupto espaço igualmente distribuído em tons duma alegre e nobre melancolia. Uma seriedade capaz de apagar todos os males e medos que me anseiam a todo o momento; e de volta o tempo; mas esquecemo-lo agora, isso, esquecemo-lo.
Esquece que existo, como já antes referi, esquece também que posso existir contigo, não quero, ou melhor, não me apetece. Não é despeito meu, nem me causas qualquer tipo de repugnância, apenas minha maneira, meu ser se alastra apenas na sombra dum canto que sei que não me engana mais do que deixo. Descansa, não sintas pena, além de inútil ser, neste caso tornar-se-ia mentira. Nada do meu passado, muito menos o presente, me assombra; quanto muito, apenas o futuro me apoquenta, embora seja dele que todos tememos realmente. Não se pode dizer que sofri, pelo menos, algo minimamente comparável ao que se possa descrever como uma Dor, dor com letra grande, aguda, infligida sem razão, não, nada. E sinto-me também assim, passiva, indulgente na minha irreal dor, que tudo o que de fora possa surgir, isso sim, me quebraria."
P.S: Já há muito que faziam falta "Os Quadros"
domingo, 1 de fevereiro de 2009
2 Reis
Havia dois reis, que se disputavam há muito, e a quem, sem razão aparente: fora dado um presente que de tão singular e mágico, os prometia fazer parar. Isto ocorreu 1478 anos após a nascença daquele que é anunciado como o Salvador, exactamente no dia da terceira Lua Cheia, do respectivo ano.
Pouco credíveis de tal presente, foi-lhes dado a confirmação por um então reconhecido Mestre, respeitado por ambos, e guardador do dito tesouro. Qual não foi a sua admiração quando, chegados à tão anunciada oferenda que os faria assinar a paz, se depararam com dois livros; o primeiro: “Livro da Sentença”, o segundo: “Fome do Passado”. A sua primeira reacção foi perguntar a finalidade do que lhes fora dado, sossegaram quando lhes foi explicado: «Os Livros funcionam em conjunto, neste momento, estão ambos em branco, e têm a particularidade de realizarem o que lá for escrito, caso assim o pretendam. O “Livro da Sentença”, trata do futuro; A “Fome do Passado”, altera o que já foi feito. E, embora vos tenham sido oferecidos, todos esperemos que os mantenham inalteráveis» Cada um seguiu o seu caminho e nunca mais se viram.
O primeiro, chegado mais cedo ao seu trono, com medo do que o seu inimigo poderia fazer, assim escreveu: «Que nunca seja escrita qualquer palavra na “Fome do Passado”. Mal o havia acabado de fechar, depressa este se incendiou. O seu rival, desconhecendo porquê, nem se interessando, nunca mais do livro se lembrou. E assim, esta paz continuou.
Pouco credíveis de tal presente, foi-lhes dado a confirmação por um então reconhecido Mestre, respeitado por ambos, e guardador do dito tesouro. Qual não foi a sua admiração quando, chegados à tão anunciada oferenda que os faria assinar a paz, se depararam com dois livros; o primeiro: “Livro da Sentença”, o segundo: “Fome do Passado”. A sua primeira reacção foi perguntar a finalidade do que lhes fora dado, sossegaram quando lhes foi explicado: «Os Livros funcionam em conjunto, neste momento, estão ambos em branco, e têm a particularidade de realizarem o que lá for escrito, caso assim o pretendam. O “Livro da Sentença”, trata do futuro; A “Fome do Passado”, altera o que já foi feito. E, embora vos tenham sido oferecidos, todos esperemos que os mantenham inalteráveis» Cada um seguiu o seu caminho e nunca mais se viram.
O primeiro, chegado mais cedo ao seu trono, com medo do que o seu inimigo poderia fazer, assim escreveu: «Que nunca seja escrita qualquer palavra na “Fome do Passado”. Mal o havia acabado de fechar, depressa este se incendiou. O seu rival, desconhecendo porquê, nem se interessando, nunca mais do livro se lembrou. E assim, esta paz continuou.
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