Não é necessário que saias de casa. Fica
à mesa e escuta. Não escutes, espera apenas.
Não esperes, fica em silêncio e só. O mundo
virá oferecer-se a ti para que o desmascares,
não pode fazer outra coisa, extasiado, ´
contorcer-se-á diante de ti.

Franz Kafka, "Aforismos"


segunda-feira, 23 de julho de 2012

entre passos de dança
incapazes de fazer os pés mexer
e sem que a estilos tenha entregue o corpo
este assente num estrato cujo ritmo se deixou apanhar
perdido para ponteiros coxos, aliados de uma poeira cadente

a cabeça, deitada
sem que agora possa garantir onde
[e, julgo, sem o poder garantir à altura]
apenas certo que desligada de tronco e membros
os últimos responsáveis por apelar ao estilhaçar de janelas

acredito que dormia aquando do bater da porta [a ter batido]
razão, creio que suficiente, para não ouvi-la ao início
deixando-me num sono que depois se aproximou da rua
até se ver ao lado do toque
ou criando-o ele próprio

a dúvida porque, segundo o que posteriormente apurei
atrás da porta nada, ainda que sendo algo também
entre o momento do sono e o momento do acordar
juntando-se o próprio rodar da chave da porta que julgava perra
ao som que os meus ouvidos juram ter existido
o qual, pelas meus tecidos, se entranhou


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