Não é necessário que saias de casa. Fica
à mesa e escuta. Não escutes, espera apenas.
Não esperes, fica em silêncio e só. O mundo
virá oferecer-se a ti para que o desmascares,
não pode fazer outra coisa, extasiado, ´
contorcer-se-á diante de ti.

Franz Kafka, "Aforismos"


quinta-feira, 26 de julho de 2012

Uma janela semi-aberta não longe de onde escrevo, ainda que, estando esta imóvel, tendo a tomar eternos sons e correntes de ar que a pouco e pouco se vêm convidados a entrar, tratando-se maioritariamente de motores espaçados numa alameda escondida por prédios, de quando em quanto alguém que chega ou parte de casa, uma pessoa com insónias zelosa das necessidades do cão, possíveis grupos de amigos em euforia. Sinto os meus sentidos a repousarem, começando pela minha audição a detectar um ligeiro abanar de ramos em árvores próximas, não esquecendo a minha visão que não só detecta como cria imagens entre tectos e paredes, sendo que dou ainda destaque a um outro não considerado como tal, mas que se revela capaz detectar fluxos sanguíneos em ebulição por áreas associadas ao sistema respiratório, também este com pequenos problemas por agora. Tendo noção do que lá fora chega, de forma serena, como que em contraste, procuro estar atento à sua chegada, antes que me atire contra paredes.

Sem comentários: