espero não desapontar
espero não considerar insuficientes estas palavras
gostaria de pensar que não se trata de culpa minha
ou, pelo menos, só minha
mas isso agora também poderá ser o menos importante
tenho a relatar um extravio
infelizmente, sem que possa dar mais especificações
não por vergonha, não por desconsideração em relação a si
mas por não saber ao certo o que foi
talvez não me entenda, admito que soe confuso
mas nunca acordou a achar que se esqueceu de algo
nunca deu uns passos para além dum local
ou mesmo após o simples fechar duma porta
e deu consigo a inquirir os bolsos, pois bem
infelizmente, e isso posso jurar, também não se trata nada disto
pelo menos, não ao certo, ou talvez seja ideia minha
o que é certo é não acreditar que assim tenha sido, posso-lhe assegurar
embora, no caso de me perguntar, pois é bem provável que o faça
aviso-lhe desde já que me refugiarei em evasivas
pois mesmo eu, como já lhe confidenciei, não sei ao certo o que contar
posto isto, aposto que você nada, bem me queria parecer
nem um auto, uma participaçãozita para amostra
(um papel para levar no bolso e que ateste a minha presença aqui
podendo-me desse modo virar a Deus, caso nele acreditasse
e olhá-lo de alto para baixo dizendo Aqui eu, dia x, assunto tal!)
certo que também responde a alguém, e de certo que ordens e regras
impossibilitando-me assim de fazer defesa dessa ficção
que dá pelo nome de propriedade privada, numa de suas várias formas
direitos sobre material, direitos sobre imaterial, outros que tais
jusnaturalismo e juspositivismo, com erros a apontar aos dois
contudo, peço-lhe que não desespere
sendo talvez precipitado da minha parte pressupor que assim reagiria
mas, apenas antes de ir embora, nada que eu possa fazer, um requerimento
ah, sem noção do que perdido nada feito, certo
a bem do gosto dos homens prácticos
pois bem, quando consciente da falta a ver se não me esqueço de passar por cá
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