descuidei-me, abri a janela e deixei partir a brisa
as folhas suspensas nos ramos secos, agora no chão
deixadas a si, esquecidas depois do manto branco as tapar
demorando alguns minutos aos quais eu, de olhar fixo, acompanho
esfregando as mãos por distracção, ou distraído de as ter de esfregar
alguns passos em dificuldade
depois da vontade súbita de atravessar a porta, notando agora
estratos partilhados com pequenos galhos, antigos seres
sendo através da sua forma me permitido distingui-los
o vento traz consigo línguas estrangeiras
ganhando corporalidade ao longo do seu trajecto
riscos que desaparecem no ar, remexendo e levando consigo matérias
obrigando-me a espreitar por detrás dos ombros
pela sensação de algo prestes a chegar, ao menor deslize
Sem comentários:
Enviar um comentário