Não sei se será defeito de formação, até porque muito do que escrevo já era influenciado pelo espaço antes de pensar o que iria seguir, mas a verdade é que ao ler este diálogo entre Nuno Portas e Álvaro Siza Vieira não consegui deixar de me rever. Aliás, no texto que vos prometi aqui há uns tempos, e no qual quase não tenho pegado a sério ainda que ande sempre com ele, tal marca é clara.
"Nuno Portas -(...) Mas os espaços vazios não são sobras, são formas que ordenam a cidade. (...)
Álvaro Siza Vieira - Embora as formas também sejam construcções.
NP - Claro, porque estes vazios não são nada vazios.
ASV - Também há a tendência contrária. Quando há um espaço é preciso enchê-lo com qualquer coisa. Estátuas, bancos, caixotes do lixo. Não sou contra, mas denota um horror ao vazio que não anda muito longe do horror ao silêncio.
NP - Os vazios são formas que ordenam. São por vezes seculares e legíveis, durando mais do que os edifícios. (...)
ASV - Mais difícil é ver numa zona recente esse equilíbrio entre vazio como forma e a envolvente como definição do vazio. As duas coisas são importantes.
NP - (...) Concluindo: o espaço tem forma e desenho, daí o erro de Corbusier, quanto atacou a rua. Os limites entre rua e edifício são ambíguos. Um enforma o outro. Mas um precede o outro. Tudo ao mesmo tempo é excepção. E tal como os edifícios, as ruas também têm programa, que responde a necessidades colectivas que não podem ser resolvidas nos edifícios." - in JL, nº1903
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