Não é necessário que saias de casa. Fica
à mesa e escuta. Não escutes, espera apenas.
Não esperes, fica em silêncio e só. O mundo
virá oferecer-se a ti para que o desmascares,
não pode fazer outra coisa, extasiado, ´
contorcer-se-á diante de ti.

Franz Kafka, "Aforismos"


quinta-feira, 9 de julho de 2009

Sal


"Um homem espalha com o pé o sal de uma das três mil salinas das minas de sal de Maras, em Cuzco, nos Andes do Peru. Desde as civilizações pré-incas que estas minas são uma fonte importante de sal." in Público.

Rodo o pé e sobe um monte, levo o outro e aparo, mais um pouco e os cogumelos a crescer, acabo a volta e junto num cone que me faz perder o Sol de vista, alisa-se e tenho outro. Assobio ao Sol, gaivotas bicam nos muros, um grão aqui, um grão ali, este não, este sim, as asas que sobem e noutro muro sem pressas. O Sol pequeno quando suspensas, misturam-se umas com as outras e outra no mesmo lugar. À noite oiço-as enquanto uma cartada, não hoje que tenho montanhas até de manhã, ela já me deve esperar. Devo chegar bem cedo e durmo um pouco. Pesco com os miúdos, já lhes contei das gaivotas e riem-se, dizem que não comem sal e mandam-me água para a cara. Se vir que dá, o mais velho volta comigo, também comecei com 12. A mãe olha-me muito séria quando falamos dele e diz que deve ter os pés tortos, não dá. Por agora assobio e penso nela, uma gaivota acaba de despentear-me, olho para ela e tapa o Sol. Encurvo o pé e a água fria arrepia-me um pouco, ainda tenho uns quantos por fazer e nenhuma sentada. Devem estar umas 12 em cima de mim, alguma há-de bicar.

1 comentário:

pecado original disse...

Isto tudo é imaginação?
Estás de parabéns Nuno.