Não é necessário que saias de casa. Fica
à mesa e escuta. Não escutes, espera apenas.
Não esperes, fica em silêncio e só. O mundo
virá oferecer-se a ti para que o desmascares,
não pode fazer outra coisa, extasiado, ´
contorcer-se-á diante de ti.

Franz Kafka, "Aforismos"


sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Direitos dum tonto

Com que direito eu,
ser em que as dúvidas ladeadas de respostas soltas permanentes são,
me ouso entre a verdade na mentira,
(talvez a única que realmente existe, por isso nunca a saberemos)
"Que tipo de ignorante sou?"
me ouso eu? se quer tentar
à grande luz de recitais antigos mostrar algo novo por palavras já antes nascidas.
Que mostrarei eu? que mostraram eles?
Emoções, erros, dúvidas. virá tudo do pensar, não virá nada, será que vêm realmente algo?
e nem pensar eu me ouso fazer verdadeiramente, talvez só discursar.
Porque não acabo já aqui,
miserável e redutor como sempre fui
livrando de algo, esse algo de ser que nem algo um dia será.

Com que desígnio se não aquele que nunca atingirei,
nunca o atingirei e porventura essa será a minha única certeza.
que sonho eu nesta tormenta de esperanças, muitos lhe chamaram Vida, eu nem chamar sei de momento.
Desvaneço, desvaneço como sempre fiz
como sempre fez quem como eu
foi maior que o seu ser, mas sempre menor que o ser de outros, igual
(sem o mal de igual a outros ser,
quantos vezes fui eu mais repudiente que tu
mas nem esse direito chega a ser nosso
e nosso, talvez apenas o de perdoar)
Porque não acabo já aqui? (Nem isso realmente quero fazer, mas que quererei eu de mim, que mais posso eu fazer?)

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