Não é necessário que saias de casa. Fica
à mesa e escuta. Não escutes, espera apenas.
Não esperes, fica em silêncio e só. O mundo
virá oferecer-se a ti para que o desmascares,
não pode fazer outra coisa, extasiado, ´
contorcer-se-á diante de ti.
Franz Kafka, "Aforismos"
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Os Quadros - Matisse - "Memórias de Mrs. Dalloway"
Não tarda, o mesmo. Andam por aí, não me disseram. Entraram numa casa ali em cima, ficaram um pouco por lá que bem os ouvi, saíram não sei por onde e já volto. Vou tirando estas jarras sem o consentimento das coitadas; passa um bocado e toco-as novamente, voltam ao sítio.
O que não falta é vinho nesta casa, os desgraçados. È mal feito não serem as maçãs a distorcer as imagens, essas também eu as trinco. Eu gosto tanto de maças, não percebo porque as espalham todas. A toalha deveria ser lavada, mas a parede primeiro. Acho que é humidade.
Daqui a pouco vou lá fora, sento-me na cadeira de baloiço e procuro o som das dos troncos e seus ramos numa tarde sem brisa. Na volta apanho um ramo para a jarra. Tenho de lhes dizer que a cadeira anda a ranger há uns dias. Não há cadeira que aguente tardes tão grandes. O mais certo é virem cansados e com fome. Sobem o monte em menos dum segundo, nunca se demoram à mesa e acordam todos os dias bem cedinho. Eles dizem que se eu não me mexer muito, com o tempo acabo por me habituar.
Hei-de voltar para uma maça ou outra. Como pode sair da madeira uma coisa com este sabor? Os desenhos da toalha e da parede são iguais, não são? Tratarei da humidade. A cadeira fica bem guardada, dentro de casa pois pode chover. Arrumarei o resto da mesa e não sei que mais. Tratarei do jantar. Perdem-se muito por lá e são lentos a descer, deixo a porta aberta para os ver chegar. Enquanto esperam, beberão um pouco do seu vinho e atacarão as maças que tendem a fugir. Só espero não me sujar.
08-04-1994
Estavam sentados no jardim, ouviam música como de costume, uma roda com o rádio no meio, mas choravam. Chegou um amigo. Era ainda cedo, tinham estado numa festa na noite anterior, a ouvir a mesma música que agora, com o volume no máximo. Uma mulher não conseguia levantar a cabeça, ninguém dizia nada.
-O que foi?
Baixaram todas a cabeça.
-O Kurt...
O rapaz que falou não conseguiu acabar, desatou a chorar a meio. Na rádio acabou a música e contaram o que aconteceu. Kurt Cobain havia sido encontrado morto. O amigo que chegou caí no chão. Ninguém olhou, agora estavam todos de cara baixa, alguns abraçados. Uma mulher começou a falar:
-Ele era eu. Não me interessa que eu seja uma rapariga, ele era eu e muito mais. Ele era tu – apontou para o amigo que tinha chegado há pouco e que agora se tinha levantado - e todos nós que aqui estamos a ouvi-lo agora. Era o único como nós, apenas mais um no meio de tantos. Mas era a nossa voz. Não me interessa o que pensem de mim agora, não me interessa que me vejam a chorar, estou-me a lixar. Ninguém aqui teve de mudar de estilo, não teve de começar a fazer outras coisas para se identificar com ele. Ele já era como nós mesmo antes de ser famoso e continuou a sê-lo. Usava roupas velhas, dormia em qualquer lado, passava os dias com uma guitarra na mão em casa dos amigos. Sinto-me uma egoísta mas não conseguem ver o quão triste isto é? Nós morremos com ele. Não fisicamente e isso não interessa nada, mas agora estamos calados, para sempre. Mais valia nunca ter existido, mais valia pensar que era eu a única. Ele era só o Kurt Cobain e agora já não. E nem sequer o cheguei a conhecer. Não cheguei a saber quem era o Kurt...
Estavam todos com a cabeça nas mãos. Na rádio, passou a “Hear-Shaped Box”.
(Este texto demorou 3 vezes mais do que devia por ter parado vezes sem conta por umas irritações nos oljos, deve ser da chuva. Ele era só o Kurt, não o cantor que mais me ensinou sobre integridade artística, mas a pessoa. Era só o Kurt.)
P.S: Por favor, tentem evitar comparações.
-O que foi?
Baixaram todas a cabeça.
-O Kurt...
O rapaz que falou não conseguiu acabar, desatou a chorar a meio. Na rádio acabou a música e contaram o que aconteceu. Kurt Cobain havia sido encontrado morto. O amigo que chegou caí no chão. Ninguém olhou, agora estavam todos de cara baixa, alguns abraçados. Uma mulher começou a falar:
-Ele era eu. Não me interessa que eu seja uma rapariga, ele era eu e muito mais. Ele era tu – apontou para o amigo que tinha chegado há pouco e que agora se tinha levantado - e todos nós que aqui estamos a ouvi-lo agora. Era o único como nós, apenas mais um no meio de tantos. Mas era a nossa voz. Não me interessa o que pensem de mim agora, não me interessa que me vejam a chorar, estou-me a lixar. Ninguém aqui teve de mudar de estilo, não teve de começar a fazer outras coisas para se identificar com ele. Ele já era como nós mesmo antes de ser famoso e continuou a sê-lo. Usava roupas velhas, dormia em qualquer lado, passava os dias com uma guitarra na mão em casa dos amigos. Sinto-me uma egoísta mas não conseguem ver o quão triste isto é? Nós morremos com ele. Não fisicamente e isso não interessa nada, mas agora estamos calados, para sempre. Mais valia nunca ter existido, mais valia pensar que era eu a única. Ele era só o Kurt Cobain e agora já não. E nem sequer o cheguei a conhecer. Não cheguei a saber quem era o Kurt...
Estavam todos com a cabeça nas mãos. Na rádio, passou a “Hear-Shaped Box”.
(Este texto demorou 3 vezes mais do que devia por ter parado vezes sem conta por umas irritações nos oljos, deve ser da chuva. Ele era só o Kurt, não o cantor que mais me ensinou sobre integridade artística, mas a pessoa. Era só o Kurt.)
P.S: Por favor, tentem evitar comparações.
domingo, 28 de junho de 2009
Tiananmen 1989 - um mero herói
Nunca se descobriu quem foi. Caso contrário, teria sido logo executado e o mundo ganharia um novo mártir, um símbolo. Mas isso é completamente secundário, se quiserem tirar lições deste acontecimento, na minha opinião, seria a coragem dum desconhecido de sacos na mão que se colocou à frente dos tanques em plena repressão (para quem não sabe, foi uma espécie de Maio de 68 na China, os estudantes lutaram pelos seus direitos contra o regime; com a enorme agravante de alguns morreram, e outros seram torturados e presos). Todos os que morreram também podem ser considerados mártires, mas nunca seriam tomados como verdadeiros símbolos desta luta. Para isso, seria preciso a presença de algo físico que as imagens e as fotos podessem comprovar. E isso enerva-me, as milhões de pessoas inocentes que sofrem sem hipótese de sair cá para fora um mísero grito, uma voz ou uma imagem que fizesse alertar as consciências e pressione os políticos deste mundo a fazer alguma coisa. Uma imagem vale mais que mim palavras - uma morto testemunhado têm mais valor que milhões escondidos em valas. Não consigo com isto, nem que fosse só uma vida, símbolo ou não; simplesmente não consigo. Eu agora estou aqui a escrever enquanto milhões estão a sofrer das mais variadas causas sem se fazer nada, à espera dum fatídico símbolo que alerte tudo isto. Quantos milhões são precisos? Aconteceu em 5 de Junho de 1989, um dia depois do massacre que originou centenas de mortes.
Por tudo isto, prefiro salientar a coragem, o exemplo duma acção concreta, anónima neste caso. Em vez de rostos para lamentar, temos um Homem para seguir. Um Homem sem a mínima pretensão a servir-se da grande acção que cometeu e foi sozinho contra os tanques, e fê-los parar. Um Homem que neste momento pode estar a passar pelas ruas de Pequim, com outros sacos na mão, lado a lado com tantas outras, também elas de saco na mão, a fazer contas à vida pela família que têm para ajudar.
Para mim, um verdadeiro herói. E apenas mais um, mas um Homem acima de tudo. Não pode haver melhor título. Eu, pelo menos, não trocava esse título por todo o ouro e fama deste mundo, nem que tivesse de passar fome. Um Homem, que também foi símbolo, mas por ser Homem; não porque disse isto ou aquilo, cantou uma música qualquer, fez rir não sei quem. Não, apenas parou um tanque. E encheu de coragem e esperança milhares, e ainda hoje o faz.
P.S: Há uns dias vi uma reportagem sobre a China actual, e descobri que devido à Censura local, a grande maioria dos jovens – e não só - não sabe o que aconteceu em 1989.
Pergunto-me o que pensará este homem quando hoje passa pelas ruas de Tiananmen. O que pensará ele do boom económico so seu país.
("Tiananmen" significa Paz Celestial)
sábado, 27 de junho de 2009
Some kind of Wild (not the crazy one, the free)
Adoro estar numa enconsta deitado na terra, enquanto nos montes em redor as árvores nadam ao vento. Fecho os olhos, não penso em nada, e é a mesma sensação de estar na praia; os mesmos sons vindos das árvores a mexer, mas sem a preguiça habitual, juntando ao invés cheiros verdes e castanhos. Para melhorar, só chegar a casa com o toque quente e áspero nas mãos duma tarde de trabalho e não ter nada mais na cabeça, apenas esta sensação a correr.
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Aquário
Não é que eu acredite vivamente, mas andava pela net sem fazer nada e decidi procurar algumas coisas sobre o meu signo. E aqui estão algumas curiosidades, e muitas delas são mesmo verdade.
From Wikipédia:
Generoso e franco, o aquariano ama as artes e a tecnologia. Tem mania de prometer mais do que realmente pode fazer. Excêntrico, frio, rebelde, futurista, inovador, do contra, prefere seguir seus gostos incomuns do que se render à preferência da maioria.
Possui um intelecto elevado, uma opinião forte e um grande senso de justiça. È um pouco despreconceituoso. Resumindo, é totalmente original. Não depende de ninguém para nada. Forte intuição, calculista. È o único signo místico do zodíaco. Tolerante, prefere fazer um novo amigo ao invés de ter uma noite de amor. Abstracto demais em relação ao amor, sempre ajuda quem pede ajuda.
Pessoas que nascem sob o signo aquário tem forte tendência ao sucesso. Evitam mentir, mas sabem mentir e muito bem. È também um detector de mentiras humano, pode imaginar o que estão pensando dele neste momento, o que podem pensar, sabem quando não são bem-vindos. Se adaptam a qualquer lugar sem precisar sofrer com isso.
Palavra chave (e é disto que mais gosto): Liberdade
È um dos quatro signos fixos, tal como Touro, Leão e Escorpião.
Atracções: Virgem, Touro, Balança.
O meu oposto é Leão.
O elemento é o Ar que revela espiritualidade.
Características positivas: Revolucionário, vanguardista, amistoso, despreconceituoso.
Negativas: Excêntrico, desafectuoso, inconstante, contraditório.
Outros sites (considero-me mais bem representado nesta parte):
"Aquário é o signo que usa a racionalidade e confia na mentalidade das pessoas enquanto coletividade. Seu nativo age mais na coletividade do que em relações pessoais. Ao contrário de Leão, seu signo oposto, ele quer o fim do poder central, pois acredita que este é o único jeito de ser justo e racional. Vem daí sua inclinação para incorporar novidades tecnológicas, pois elas podem libertar o ser humano da prisão que as estruturas criaram. -(nem sou grande amante das tecnologias, mas gostava de mais liberdade, isso sim)
Apesar de ser amante da humanidade, o aquariano é um solitário. Ele consegue antever o que ainda não foi inteiramente criado, mas que já pode ser imaginado. Para ousar e inventar, o nativo de Aquário precisa ter a mente aberta. -(tento sempre)
Aquário trata todo mundo igual, do mais humilde ao mais imponente membro da sociedade, pois percebe a humanidade que ambos possuem. - (devo admitir que aprendi e aprendo muito com os mais humildes, muito maiores do que eu)
O nativo deste signo acredita no que pode compreender e busca razões até mesmo para as emoções, campo complicado de sua vida. Presa muito a verdade. Aquário precisa de espaço para ir e vir, trocando informações sempre, pois é signo de Ar, muito sociável. Trata amigavelmente a todos e preza sua liberdade, pois precisa dela para exercer sua lógica fria e inovadora. Ao seu ver, as razões afetivas anuviam o julgamento límpido. - (penso mesmo isto)
O aquariano quer ser diferente, mas odeia ser encarado como tal. Ele preza a igualdade a tal ponto que pode se tornar autoritário, quando não vê esse seu desejo ser atendido.
Apesar de pacífico, Aquário pode defender soluções violentas para os problemas sociais. Na melhor das hipóteses, ele é um inventor, alguém que está sempre adiante de seu tempo, principalmente na moda, na literatura, na política e na história, seus campos privilegiados de auto-realização.
No amor, Aquário ama a liberdade pessoal e não gosta de pessoas dependentes, muito emotivas ou que exijam provas de afeto. No sexo, tudo é relativo. Há os que só se acendem depois que a identidade intelectual é acionada, e também aqueles que não se importam com isso. Apesar de amarem a autonomia, aquarianos são capazes de grande fidelidade e devotamento a uma pessoa, quando assim o decidirem."
Li ainda que sou bastante ecléctico no que diz respeito à música. Daí se explica poder passar de Bob Marley a Prodigy sem problemas nenhuns. Para mim, o principal requisito é a qualidade. Quanto a emoções que me possa transmitir: liberdade.
From Wikipédia:
Generoso e franco, o aquariano ama as artes e a tecnologia. Tem mania de prometer mais do que realmente pode fazer. Excêntrico, frio, rebelde, futurista, inovador, do contra, prefere seguir seus gostos incomuns do que se render à preferência da maioria.
Possui um intelecto elevado, uma opinião forte e um grande senso de justiça. È um pouco despreconceituoso. Resumindo, é totalmente original. Não depende de ninguém para nada. Forte intuição, calculista. È o único signo místico do zodíaco. Tolerante, prefere fazer um novo amigo ao invés de ter uma noite de amor. Abstracto demais em relação ao amor, sempre ajuda quem pede ajuda.
Pessoas que nascem sob o signo aquário tem forte tendência ao sucesso. Evitam mentir, mas sabem mentir e muito bem. È também um detector de mentiras humano, pode imaginar o que estão pensando dele neste momento, o que podem pensar, sabem quando não são bem-vindos. Se adaptam a qualquer lugar sem precisar sofrer com isso.
Palavra chave (e é disto que mais gosto): Liberdade
È um dos quatro signos fixos, tal como Touro, Leão e Escorpião.
Atracções: Virgem, Touro, Balança.
O meu oposto é Leão.
O elemento é o Ar que revela espiritualidade.
Características positivas: Revolucionário, vanguardista, amistoso, despreconceituoso.
Negativas: Excêntrico, desafectuoso, inconstante, contraditório.
Outros sites (considero-me mais bem representado nesta parte):
"Aquário é o signo que usa a racionalidade e confia na mentalidade das pessoas enquanto coletividade. Seu nativo age mais na coletividade do que em relações pessoais. Ao contrário de Leão, seu signo oposto, ele quer o fim do poder central, pois acredita que este é o único jeito de ser justo e racional. Vem daí sua inclinação para incorporar novidades tecnológicas, pois elas podem libertar o ser humano da prisão que as estruturas criaram. -(nem sou grande amante das tecnologias, mas gostava de mais liberdade, isso sim)
Apesar de ser amante da humanidade, o aquariano é um solitário. Ele consegue antever o que ainda não foi inteiramente criado, mas que já pode ser imaginado. Para ousar e inventar, o nativo de Aquário precisa ter a mente aberta. -(tento sempre)
Aquário trata todo mundo igual, do mais humilde ao mais imponente membro da sociedade, pois percebe a humanidade que ambos possuem. - (devo admitir que aprendi e aprendo muito com os mais humildes, muito maiores do que eu)
O nativo deste signo acredita no que pode compreender e busca razões até mesmo para as emoções, campo complicado de sua vida. Presa muito a verdade. Aquário precisa de espaço para ir e vir, trocando informações sempre, pois é signo de Ar, muito sociável. Trata amigavelmente a todos e preza sua liberdade, pois precisa dela para exercer sua lógica fria e inovadora. Ao seu ver, as razões afetivas anuviam o julgamento límpido. - (penso mesmo isto)
O aquariano quer ser diferente, mas odeia ser encarado como tal. Ele preza a igualdade a tal ponto que pode se tornar autoritário, quando não vê esse seu desejo ser atendido.
Apesar de pacífico, Aquário pode defender soluções violentas para os problemas sociais. Na melhor das hipóteses, ele é um inventor, alguém que está sempre adiante de seu tempo, principalmente na moda, na literatura, na política e na história, seus campos privilegiados de auto-realização.
No amor, Aquário ama a liberdade pessoal e não gosta de pessoas dependentes, muito emotivas ou que exijam provas de afeto. No sexo, tudo é relativo. Há os que só se acendem depois que a identidade intelectual é acionada, e também aqueles que não se importam com isso. Apesar de amarem a autonomia, aquarianos são capazes de grande fidelidade e devotamento a uma pessoa, quando assim o decidirem."
Li ainda que sou bastante ecléctico no que diz respeito à música. Daí se explica poder passar de Bob Marley a Prodigy sem problemas nenhuns. Para mim, o principal requisito é a qualidade. Quanto a emoções que me possa transmitir: liberdade.
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Ilhas de junco
"Peruanos das Ilhas Uros perto das suas casas de junco no lago de Titicaca. As Ilhas Uros são compostas por um grupo de 70 casas de junco que flutuam na água daquele que é o mais alto lago navegável do mundo...Fotografia: Mariana Bazo/Reuters" in Público
Ficção:
Acabei por ficar. Os meus pais já cá estavam. Os meus filhos devem fazer o mesmo. O lago nem sempre foi assim, quando era mais nova estava mais azul. Hoje já só brincam na costa. O meu marido fala dum monstro que há para o meio, eu falo dele aos mais novos; o meu marido fala com os outros maridos, os mais novos com os outros mais novos. Assim dão menos problemas. A água era mais azul e até tinha mais peixe. Havia sempre canoas dum lado ao outro, agora é mais raro. Olho para o lado e pergunto-me de onde veio este junco todo, eu vou buscá-lo todos os dias - dá sempre jeito - mas nunca dava para isto tudo. O meu marido diz para eu me calar e eu calo-me; gosto muito de ir apanhar junco com as outras. O meu mais velho fala muito em Lima, arranja por lá qualquer coisa e depois diz que faz as malas e mete-se em Buenos Aires, para conhecer o Maradona; eu pergunto-lhe:" Quais malas?". Coitado, nunca teve muito jeito para a pesca. O do meio, que têm por agora 11, fala em subir as montanhas e ir até as minas, sempre foi trabalhador o meu rapaz. O outro ainda anda pela escola e por lá lhe falaram dumas ruínas quaisquer. Eu bem as conheço, mas é só pedra, não percebo. Eu sou descendente das pessoas dessas ruínas, o meu avô bem me falou nelas e passei a saber tudo sobre eles, gosto deles. Os estrangeiros às vezes passam por aqui e perguntam-me pelos calhaus, mas eu só percebo de juncos e não digo nada; eles riem-se. Por vezes engano-os e vendo-lhes cestas feitas com juncos, nos outros lados há muito dinheiro. Cheguei agora do junco e de longe vi o meu marido com os outros maridos a pescar, não olhou para mim nem eles olharam. Nós perguntamo-nos porque é que não dizem nada quando estão a pescar, é esquisito. Deixei o junco onde o deixo sempre e os meus filhos depois que o tratem. Agora desculpem-me, mas o sol já vai alto; não tarda aparecem-me aí todos e eu sem nada feito, acho que ele deixou para ali um bocado de peixe."
terça-feira, 23 de junho de 2009
Hoje é mat e estou f...
Acordei perto das 5 e estive lá fora antes do sino bater as 6. Ontem fui dormir cedo - raro - e não sou de dormir muito. Tinha a janela aberta e vi o escuro tornar-se luz. Talvez uns 40 minutos sempre a olhar, ainda a sonhar alguma coisa. Hoje é o exame de matemátca e deveria estar preocupado, mas não estou. E não me parece que é por já ter a nota do ano passado - que me dá para um curso qualquer, para mim são todos iguais. Mas não sei muito e não me importa.
(estou agora de janela aberta e um pássaro quer dizer-me alguma coisa, não percebo)
Saí antes do sino darem 6 e vi azuis e laranjas no céu. Já não era noite, mas também não era dia, e por momentos senti-me a última pessoa do mundo. (sensação fantástica num quadro destes) As oliveiras confirmavam-me a suspeita: vento. E eu de t-shirt e calções apanhava um arzinho que, de ínico desagradável, me animou um pouco. Ainda via os candeeiros acesos e sentei-me num muro, uns pequenos minutos, a olhar o céu, por nada. Levantei-me e virei costas, reparei numas ervas secas. (agora reparo no que estou a escrever e não vejo nada)
Olho novamente para o pássaro - julgo ser uma andorinha - e agita-se numa amendoeira que fica 2 metros ao lado da minha cabeça. (quando era miúdo pensava que me bastava abrir a janela e chegava lá com a mão, felizmente não cheguei a tentar)
Está agora menos frio e pelo meu PC vejo serem 6:17 (o que estás a fazer aqui, não devias estar a estudar? nunca tens sono, tu. é só para as tretas que te interessam) O meu pai já saiu, acordou um pouco antes das 5 e não sei quando volta, se às 2 se depois - não lhe disse que já estava acordado e deixei-o ir. A minha mãe e a minha irmã - julgo eu - dormem. Daqui a bocado devo acordar a minha irmã e levar com o seu terrível bom humor matinal: "Já vai".
O vento está mais calmo e quase que só eu o sinto, dá-me vontade de ir correr. (nem me doem as pernas de ontem nem nada, também só fora uns 45 minutos) O azul mantêm-se, agora mais vivo; do laranja já pouco se vê, ao longe parece-me agora quase branco; era o que eu pensava - nuvens. O Sol já se vê (há bocado estava tímido) e acordou um monte de eucaliptos e pinheiros que da minha janela vejo bem.
Vou desligar o meu PC. (que nem sei bem porque o liguei, nem corrigo o texto nem nada) Deixar a janela aberta, sentir o vento e de vez em quando ver o dia nascer (está quase, sinto). 6:24 diz-me ele. Oiço passáros. Agorra no meu exemplar de "O Velho e o Mar" e, pela quarta vez, vou lê-lo; apoiado pela luz que me entra no quarto. Aquele pescador ensina-me carradas de humildade.
(acho que agora um camião, ainda longe, não o chego a ver; já há pessoas a trabalhar e eu nisto)
6:28 - as andorinhas fizeram aqui e agora um festival e pêras, mas não vou descrever.
(estou agora de janela aberta e um pássaro quer dizer-me alguma coisa, não percebo)
Saí antes do sino darem 6 e vi azuis e laranjas no céu. Já não era noite, mas também não era dia, e por momentos senti-me a última pessoa do mundo. (sensação fantástica num quadro destes) As oliveiras confirmavam-me a suspeita: vento. E eu de t-shirt e calções apanhava um arzinho que, de ínico desagradável, me animou um pouco. Ainda via os candeeiros acesos e sentei-me num muro, uns pequenos minutos, a olhar o céu, por nada. Levantei-me e virei costas, reparei numas ervas secas. (agora reparo no que estou a escrever e não vejo nada)
Olho novamente para o pássaro - julgo ser uma andorinha - e agita-se numa amendoeira que fica 2 metros ao lado da minha cabeça. (quando era miúdo pensava que me bastava abrir a janela e chegava lá com a mão, felizmente não cheguei a tentar)
Está agora menos frio e pelo meu PC vejo serem 6:17 (o que estás a fazer aqui, não devias estar a estudar? nunca tens sono, tu. é só para as tretas que te interessam) O meu pai já saiu, acordou um pouco antes das 5 e não sei quando volta, se às 2 se depois - não lhe disse que já estava acordado e deixei-o ir. A minha mãe e a minha irmã - julgo eu - dormem. Daqui a bocado devo acordar a minha irmã e levar com o seu terrível bom humor matinal: "Já vai".
O vento está mais calmo e quase que só eu o sinto, dá-me vontade de ir correr. (nem me doem as pernas de ontem nem nada, também só fora uns 45 minutos) O azul mantêm-se, agora mais vivo; do laranja já pouco se vê, ao longe parece-me agora quase branco; era o que eu pensava - nuvens. O Sol já se vê (há bocado estava tímido) e acordou um monte de eucaliptos e pinheiros que da minha janela vejo bem.
Vou desligar o meu PC. (que nem sei bem porque o liguei, nem corrigo o texto nem nada) Deixar a janela aberta, sentir o vento e de vez em quando ver o dia nascer (está quase, sinto). 6:24 diz-me ele. Oiço passáros. Agorra no meu exemplar de "O Velho e o Mar" e, pela quarta vez, vou lê-lo; apoiado pela luz que me entra no quarto. Aquele pescador ensina-me carradas de humildade.
(acho que agora um camião, ainda longe, não o chego a ver; já há pessoas a trabalhar e eu nisto)
6:28 - as andorinhas fizeram aqui e agora um festival e pêras, mas não vou descrever.
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Uma tarde de... estudo?
Uma cadeira que ora 2, ora 4 pernas. Um olhar para o cima das escadas e o cimo apenas. Uma porta que fechei e o vento - julgo - acaricia sem parar. Um pássaro a soltar qualquer coisa para mim a uns 10 metros de distância - nem um olhar lhe dou embora o trate por amigo, ele sabe. Um lápis pousado a pedir melhores dias num risco de caneta. Um telemóvel ainda por saber onde e quando. Um livro por abrir com a mão a dizer :"Não". Qualquer coisa na garganta mas os lábios secos. Uma folha insistente :"Anda cá", não obedeço e uma folha amarrotada. Julgo que o pássaro de novo e talvez uma cigarra. Um gato a escavar num monte de lenha. Uma bola a saltar e qualquer coisa partida - parti mesmo. O chão quente a pès largos, uma fonte onde faço um desvio e levo as mãos. Pinheiros e eucaliptos no meu nariz misturados com Sol, uma respiração cansada, poeira.
Um tratado de paz com acordes psicadélicos ou uma voz rouca. Uma bateria, um baixo, uma voz, uma guitarra. Alguém quer fomar uma banda? Gosto de grunge.
(Tenho de ir estudar... mas já aqui vim algumas vezes melhorar o texto; matemática dá-me cabo da cabeça)
Um tratado de paz com acordes psicadélicos ou uma voz rouca. Uma bateria, um baixo, uma voz, uma guitarra. Alguém quer fomar uma banda? Gosto de grunge.
(Tenho de ir estudar... mas já aqui vim algumas vezes melhorar o texto; matemática dá-me cabo da cabeça)
sábado, 20 de junho de 2009
Estratégia
Esta parte está incrível, eu - no conforto do meu sofá - não consegui evitar um sorriso. Estou mesmo muito longe de poder imaginar o que passa pela cabeça duma pessoa numa situação destas.
Excelente filme - Tropa de Elite - não apenas meras cenas de "porrada" mas uma confrontação levada ao extremo, e uma apresentação dos dois lados de forma ìntrega. A principal mensagem - pelo menos a com que fiquei - não é dizer quem são os "bons e os maus", os relatos das favelas, a opinião sobre os policias e os traficantes, a corrupção e o tráfico, as crianças que "crescem" neste ambiente (as que são capazes de passar por tudo isto e no futuro tornarem-se (ou manterem-se) honestas, têm o meu mais ínfimo respeito, é preciso muito carácter e força que também pode ser potenciada nestas situações) - há diversas interpretações neste filme para isso, mas isto é um filme e não necessariamente uma investigação jornalística.
A minha opinião é que, inteiramente, não existem esses "bons" e esses "maus", são seres humanos; muitos erram sem hipótese de fazer outra coisa, outros têm hipótese e não o fazem - o mesmo para fazer o que é certo.
Mas julgar é muito fácil; é uma acção, muitas vezes, cheia de lugares comuns e traiçoeiros. O que torna este filme tão grande é a forma como mostra a diferença entre homem e Homem, nas mais diversas situações. E como se pode ser Homem mesmo errando - uma ideia que me atormenta várias vezes. Ganhou o primeiro prémio do Festivel de Berlim 2008.
Há uma frase dum escritor angolano, Luandino Viera, em "Nós, os do Makulusu" que adoro: "Um rapaz também se cansa de não ser homem". Ou ainda, Hemingway, em "O Velho e o Mar": "Um homem pode ser destruído, mas nunca derrotado."
Quem é íntrego, quem é capaz de dizer não, é invencível, mesmo que seja destruído..
quarta-feira, 17 de junho de 2009
*Estrangeiro
Porra, ás vezes sou tão chato! Principalmente quando estou a falar (então no msn...; mas bem, aí também é por não estar fisicamente ao pé da pessoa e não conseguir perceber logo; é completamente diferente), ás vezes parece que paro num aspecto qualquer e chego até ao óbvio, que estupidez. E logo eu que admiro as pessoas que falam pouco, que se ficam pelo essencial e conseguem mesmo assim respeitar as opiniões dos outros - o quanto já aprendi destas pessoas.
(Felizmente que a escrever não, pelo menos é raro; tirem daí a ideia que eu não volto a escrever textos da treta só para um sucesso fácil e estatístico, isso é que havia de ser bonito. Não quero nem uma palavra a mais.)
E o pior é que, muitas vezes, nem faço por mal - e só me apercebo que estou a ser chato depois, ficando a roer e a roer... Muitas vezes por nenhum mal mesmo, bem pelo contrário.
Odeio-me por isso!
«Tens de controlar os teus impulsos, tens de controlar os teus impulsos Nuno. Já conseguiste um bocado, tens de chegar ao controlo total! Aprende rapaz.»
(o que não quer dizer evitá-los; isso nunca!; mas saber quando os usar. aos que me ouvem, por agora, peço que por vezes tenham um pouco de paciência e, se possível, não sejam tão simpácticos, digam logo: cala-te!)
*Estrangeiro, no sentido Camusiano
(Felizmente que a escrever não, pelo menos é raro; tirem daí a ideia que eu não volto a escrever textos da treta só para um sucesso fácil e estatístico, isso é que havia de ser bonito. Não quero nem uma palavra a mais.)
E o pior é que, muitas vezes, nem faço por mal - e só me apercebo que estou a ser chato depois, ficando a roer e a roer... Muitas vezes por nenhum mal mesmo, bem pelo contrário.
Odeio-me por isso!
«Tens de controlar os teus impulsos, tens de controlar os teus impulsos Nuno. Já conseguiste um bocado, tens de chegar ao controlo total! Aprende rapaz.»
(o que não quer dizer evitá-los; isso nunca!; mas saber quando os usar. aos que me ouvem, por agora, peço que por vezes tenham um pouco de paciência e, se possível, não sejam tão simpácticos, digam logo: cala-te!)
*Estrangeiro, no sentido Camusiano
Os pastos de Gulgong
"Michael Kiely, agricultor australiano e fundador do grupo Carbon Coalition, inspecciona os pastos da sua propriedade em Gulgong, 240 quilómetros a Norte de Sidney. Na Austrália está em curso uma revolução pacata, através da qual os agricultores esperam vender créditos de carbono no âmbito da luta contra as alterações climáticas. Foto: Tim Wimborne/Reuters" in Público
Ficção:
A minha mulher pergunta-me e eu não sei o que responder, ou então não quero e passo ao lado. São apenas ervas secas diz ela, são apenas ervas secas concordo eu. Depois diz-me que eu tenho empregados para alguma coisa, eu respondo que os conheço bem e gosto deles. Ela diz então o que é, eu saío de casa.
Passo as mãos por aqui e penso nela, nos meus filhos (um deles vai ser pai, já vos contei?). Estou com ela e com os meus filhos (o que vai ser pai traz por sua vez a mulher dele) e penso nestas ervas secas. Estou aqui e sinto-me livre, basta tocar. Estou com eles sinto-me seguro e em paz, basta vê-los.
Toco nestas ervas secas e por divagações pergunto-me quais serão as do meu filho (que, só para nós dois, digo já que vai ser pai). È inteligente e não tarda muito manda aqui, mas não sei se as suas ervas serão as mesmas ervas secas que estas. Se assim que eu me reformar continuarei a poder passar por aqui a mão e uma vez por outro vê-lo a fazer o mesmo, isto enquanto pensamos nos nossos; não é preciso falar.
Enquanto viver quero para sempre estas ervas secas e nada que me disserem me irá fazer mudar de opinião. Vou procurar o meu filho (já vos contei que vai ser pai?)
terça-feira, 16 de junho de 2009
Cabul
Cabul à vista
"Um rapaz afegão olha para Cabul do cimo de uma colina. A cidade construída para poucas centenas de milhar de pessoas agora acolhe uma população estimada em mais de quatro milhões, muitos abrigados em tendas ou casas de palha. Segundo as organizações internacionais, esta situação está a complicar os esforços dos refugiados para reconstruírem as suas vidas."
in Público
Ficção:
O meu irmão está agora lá em baixo, não sei a fazer o quê. Se logo calho em perguntar-lhe, bate-me e diz que não é nada comigo, sou muito novo e não passo dum inútil.
Não sei onde ele está mas pergunto-me se ele por acaso já esteve aqui - se lhe perguntasse, diria que só gosto de mariquices. A minha mãe tem medo que ele acabe como o meu pai. Eu mal posso sair de casa sem que ela me diga alguma coisa. Assim que tiver 16 anos nunca mais me metem a vista em cima. Um dia perco a paciência e bato-lhe. Duvido muito que já tenha visto isto. O Rashid, amigo meu e que ensina o Corão no Templo, disse-me que as raparigas são umas parvas. Eu concordo.
Olho para baixo e pergunto-me se o meu irmão já viu isto. Têm mais 2 anos do que eu, tempo suficiente teve ele. Agora mal para em casa, sou capaz de apostar onde vai.
Onde é que já se viu pior que a cabeça delas; não conheço nenhum homem que tenha medo de morrer - o Rashid não tem, ele disse-me. No máximo ficamos cá uns anos a mais para matar um ou dois americanos se for preciso - o Rashid disse-me que isso abre as portas do Céu. A estúpida da minha mãe é que não quer isso, diz que mete a mim e ao meu irmão - "um leva pelos erros do outro, vejam lá o que fazem" - porta fora se alguma vez souber que andamos nisso. Se ela soubesse...
Agora duvido um bocado que o meu irmão tenha aqui vindo - tenho de mostrar isto ao Rashid; mas ele já deve conhecer, è um Senhor! Ele contou-me das virgens quando morremos. È bem feito. Pensarei nos momentos em que a minha mãe me teve ao colo para ganhar mais raiva. Terão muita sorte se o máximo que eu lhes fizer for nem sequer lhes falar.
O meu irmão é que tem razão, colo é para maricas - e não há um único americano que não seja maricas.
Logo à noite, se o chegar a ver, digo-lhe que estou pronto para pôr a cinta de bombas - esta vista quase que nem notará. Ele vai ficar contente.
"Um rapaz afegão olha para Cabul do cimo de uma colina. A cidade construída para poucas centenas de milhar de pessoas agora acolhe uma população estimada em mais de quatro milhões, muitos abrigados em tendas ou casas de palha. Segundo as organizações internacionais, esta situação está a complicar os esforços dos refugiados para reconstruírem as suas vidas."
in Público
Ficção:
O meu irmão está agora lá em baixo, não sei a fazer o quê. Se logo calho em perguntar-lhe, bate-me e diz que não é nada comigo, sou muito novo e não passo dum inútil.
Não sei onde ele está mas pergunto-me se ele por acaso já esteve aqui - se lhe perguntasse, diria que só gosto de mariquices. A minha mãe tem medo que ele acabe como o meu pai. Eu mal posso sair de casa sem que ela me diga alguma coisa. Assim que tiver 16 anos nunca mais me metem a vista em cima. Um dia perco a paciência e bato-lhe. Duvido muito que já tenha visto isto. O Rashid, amigo meu e que ensina o Corão no Templo, disse-me que as raparigas são umas parvas. Eu concordo.
Olho para baixo e pergunto-me se o meu irmão já viu isto. Têm mais 2 anos do que eu, tempo suficiente teve ele. Agora mal para em casa, sou capaz de apostar onde vai.
Onde é que já se viu pior que a cabeça delas; não conheço nenhum homem que tenha medo de morrer - o Rashid não tem, ele disse-me. No máximo ficamos cá uns anos a mais para matar um ou dois americanos se for preciso - o Rashid disse-me que isso abre as portas do Céu. A estúpida da minha mãe é que não quer isso, diz que mete a mim e ao meu irmão - "um leva pelos erros do outro, vejam lá o que fazem" - porta fora se alguma vez souber que andamos nisso. Se ela soubesse...
Agora duvido um bocado que o meu irmão tenha aqui vindo - tenho de mostrar isto ao Rashid; mas ele já deve conhecer, è um Senhor! Ele contou-me das virgens quando morremos. È bem feito. Pensarei nos momentos em que a minha mãe me teve ao colo para ganhar mais raiva. Terão muita sorte se o máximo que eu lhes fizer for nem sequer lhes falar.
O meu irmão é que tem razão, colo é para maricas - e não há um único americano que não seja maricas.
Logo à noite, se o chegar a ver, digo-lhe que estou pronto para pôr a cinta de bombas - esta vista quase que nem notará. Ele vai ficar contente.
sábado, 13 de junho de 2009
(?) - III
Ele disse-me que andaram à minha procura, gente conhecida. Ele também. Mas a ninguém poderia lembrar que eu estava na mata.
Ele contou-me ainda que o que quer que eu tinha dito antes de sair, não interessava para agora. "Foi um delírio, não vale a pena a pensar sobre isso." Eu insisti, mas ele ou não respondia ou era evasivo. Perguntei então se o murro tinha doído, mas já o tinha esquecido. Bebeu o seu café e saiu. Disse que o dever chamava-o.
Pouco depois, o empregado, amigo comum, perguntou por ele, achava-o estranho ultimamente. Eu não sabia de nada; ele diz que nos últimos dias raramente lá ia; e quando o faz, demora-se pouco. Reparou ainda que a chávena parecia maior para ele, um outro dia até tinha entornado. Eu prometi-lhe que ia tentar saber mais, que ele não se preocupasse; decerto não era nada e amanhã já estaria melhor. Depois perguntou como andava eu, soube pelo médico que eu tinha tido um problema, tinha-o visto nesse dia à noite e como o encontrou muito sujo, com as calças todas verdes e arranhado, havia-lhe perguntado o que se passava, tinha caído enquanto me procurava. Eu agradeci-lhe a preocupação; mas não era nada, uma pequena febre, estava tudo bem. Paguei e saí.
_________________________________________________________
Uma hiena a rir. O sol já vai baixo mas o ar ainda prende. Subo o queixo e sorrio por dentro. Não gosto que a minha face mude. Olho novamente a hiena e aí sorrio. O sol já vai baixo mas o ar ainda prende. Salto para cima da hiena. Prendo o olhar. Tomo banho e a minha cara torna-se enorme, deixo a água correr, correr, correr...
_________________________________________________________
Nessa noite convenci o médico a vir a minha casa. Tentei por tudo fazer conversa mas ninguém me respondia; mal nos ficamos pelo café, tinha de acordar cedo. Como eu desejei que se partisse uma chavena; não eu, é claro; mas nem isso. Soltou apenas um "até amanhã" junto à porta. Talvez amanhã esteja melhor.
(fim)
Ele contou-me ainda que o que quer que eu tinha dito antes de sair, não interessava para agora. "Foi um delírio, não vale a pena a pensar sobre isso." Eu insisti, mas ele ou não respondia ou era evasivo. Perguntei então se o murro tinha doído, mas já o tinha esquecido. Bebeu o seu café e saiu. Disse que o dever chamava-o.
Pouco depois, o empregado, amigo comum, perguntou por ele, achava-o estranho ultimamente. Eu não sabia de nada; ele diz que nos últimos dias raramente lá ia; e quando o faz, demora-se pouco. Reparou ainda que a chávena parecia maior para ele, um outro dia até tinha entornado. Eu prometi-lhe que ia tentar saber mais, que ele não se preocupasse; decerto não era nada e amanhã já estaria melhor. Depois perguntou como andava eu, soube pelo médico que eu tinha tido um problema, tinha-o visto nesse dia à noite e como o encontrou muito sujo, com as calças todas verdes e arranhado, havia-lhe perguntado o que se passava, tinha caído enquanto me procurava. Eu agradeci-lhe a preocupação; mas não era nada, uma pequena febre, estava tudo bem. Paguei e saí.
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Uma hiena a rir. O sol já vai baixo mas o ar ainda prende. Subo o queixo e sorrio por dentro. Não gosto que a minha face mude. Olho novamente a hiena e aí sorrio. O sol já vai baixo mas o ar ainda prende. Salto para cima da hiena. Prendo o olhar. Tomo banho e a minha cara torna-se enorme, deixo a água correr, correr, correr...
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Nessa noite convenci o médico a vir a minha casa. Tentei por tudo fazer conversa mas ninguém me respondia; mal nos ficamos pelo café, tinha de acordar cedo. Como eu desejei que se partisse uma chavena; não eu, é claro; mas nem isso. Soltou apenas um "até amanhã" junto à porta. Talvez amanhã esteja melhor.
(fim)
Jimi Hendrix - Voodoo Child
Nietzche disse que a vida sem música não fazia sentido. Para mim, é de longe o que me dá mais prazer. Oiço música, a música que gosto, muitas vezes para poder sair dentro de mim e não pensar em nada, não sentir nada. Embora esta música, a que gosto, só por si, me diga muito.
sexta-feira, 12 de junho de 2009
Hoje estou bem. Hoje os meus lados trocaram. Por isso estas palavras têm mais estéctica. Não é usual. Usualmente não é hoje. Hoje apetece-me ser uma candeia e caminhar para um outro sítio. Um sítio que se reconhece ao longe, outra luz. Hoje não sou eu - (assim que publicar este post arrependo-me, tenho orgulho nisso; agora não importa). - Daqui a uns momentos volto a mim; mas agora não interessa. O que me interessa é a candeia, que sei estar em mim sempre. Quase sempre a falhar. Quero que falhe, sou assim. Melhor, quero que nem chegue a falhar, nem uma faísca, nada. As intermitências fazem-me doer os olhos.
Gostava de lhe pôr um botão, à candeia. Hoje imagino um botão automático. Embora deixe um pé no travão. Gosto de controlar nas curvas e deixar a janela aberta, para o ar empurrar-me o cabelo aos olhos. Uma simbiose entre velocidades e máquina.
Noutros dias prefiro um manual. Quase todos os dias. Mas quase todos os dias não é hoje. È antigo, normal, dá-me mais jeito para controlar. Mudo apenas quando me apetece. Se não conseguir sei que a culpa não é minha. Hoje é capaz de funcionar. Hoje não, hoje não é dia de muitos controlos. Agora sei-o. Em muitos outros momentos também - embora nem sempre, conheço-me bem. Hoje não me conheço. Não me conhecer é hoje; é estar longe. È entrar nas palavras mais pelo gosto que me dão, não pelo jogo. Não jogar é hoje. Mas noutros momentos não é hoje, não penso tanto no botão, prefiro jogar e ganhar.
(admito que não fui capaz de resistir e joguei um bocadinho)
Hoje, primeiro o botão - acho que qualquer um -, desde que depois a candeia. Mas só hoje. Hoje é não ser eu e gostar. Hoje está longe. Hoje são estas palavras. Hoje é ser 6 da manhã e estar sentado. Hoje é estar sentado e pedir ao tempo para passar. Até ao raiar.
Gostava de lhe pôr um botão, à candeia. Hoje imagino um botão automático. Embora deixe um pé no travão. Gosto de controlar nas curvas e deixar a janela aberta, para o ar empurrar-me o cabelo aos olhos. Uma simbiose entre velocidades e máquina.
Noutros dias prefiro um manual. Quase todos os dias. Mas quase todos os dias não é hoje. È antigo, normal, dá-me mais jeito para controlar. Mudo apenas quando me apetece. Se não conseguir sei que a culpa não é minha. Hoje é capaz de funcionar. Hoje não, hoje não é dia de muitos controlos. Agora sei-o. Em muitos outros momentos também - embora nem sempre, conheço-me bem. Hoje não me conheço. Não me conhecer é hoje; é estar longe. È entrar nas palavras mais pelo gosto que me dão, não pelo jogo. Não jogar é hoje. Mas noutros momentos não é hoje, não penso tanto no botão, prefiro jogar e ganhar.
(admito que não fui capaz de resistir e joguei um bocadinho)
Hoje, primeiro o botão - acho que qualquer um -, desde que depois a candeia. Mas só hoje. Hoje é não ser eu e gostar. Hoje está longe. Hoje são estas palavras. Hoje é ser 6 da manhã e estar sentado. Hoje é estar sentado e pedir ao tempo para passar. Até ao raiar.
quarta-feira, 10 de junho de 2009
(?) - II
Caí no momento a seguir, estou seguro disso. Estava escuro, tive de me apoiar para voltar a subir, numa rocha creio. Pode parecer estranho, mas sentia-me melhor quando caía; não sentia muito as dores das quedas, e era-me mais fácil respirar.
Passei a noite a andar com as mãos à frente. Andava abaixado e apalpava. De manhã reparei que estava cheio de marcas, já todas secas. Paus, pedras, arbustos, julgo que o som de pássaros ... algumas imagens na minha cabeça.
Não faço ideia como cheguei a casa. Estava já claro - os olhos doíam-me muito quando acordei. Não sei quanto tempo andei por lá, a minha mulher disse que eu havia saído por volta das 21:00. Depois disso, e falando com toda a certeza, só o momento em que apareci à frente de casa - estive alguns minutos a olhar para a porta, incrível como não passou ninguém. Procurei uma chave que temos escondida, mas estava noutro sítio. Assim que entrei, deitei-me no sofá e adormeci. Já estava consciente o suficiente para não fazer barulho e ninguém me chateou. Depois de acordar soube que esqueci-me da porta aberta.
A minha mulher acordou-me por volta das 10:20, vi no relógio da sala. Ela disse-me que eu lhe perguntei onde estava. Depois foi o que estava ela a fazer - tratava-me das feridas. Ela acabou - disse-me que eu não parava quieto com as mãos - e eu fui para o meu quarto dormir. Só depois conversamos.
Contei tudo isto ao meu médico. Ele disse que era normal. Fiz tudo isto por estar em delírio, não deveria ter saído de casa.
Passei a noite a andar com as mãos à frente. Andava abaixado e apalpava. De manhã reparei que estava cheio de marcas, já todas secas. Paus, pedras, arbustos, julgo que o som de pássaros ... algumas imagens na minha cabeça.
Não faço ideia como cheguei a casa. Estava já claro - os olhos doíam-me muito quando acordei. Não sei quanto tempo andei por lá, a minha mulher disse que eu havia saído por volta das 21:00. Depois disso, e falando com toda a certeza, só o momento em que apareci à frente de casa - estive alguns minutos a olhar para a porta, incrível como não passou ninguém. Procurei uma chave que temos escondida, mas estava noutro sítio. Assim que entrei, deitei-me no sofá e adormeci. Já estava consciente o suficiente para não fazer barulho e ninguém me chateou. Depois de acordar soube que esqueci-me da porta aberta.
A minha mulher acordou-me por volta das 10:20, vi no relógio da sala. Ela disse-me que eu lhe perguntei onde estava. Depois foi o que estava ela a fazer - tratava-me das feridas. Ela acabou - disse-me que eu não parava quieto com as mãos - e eu fui para o meu quarto dormir. Só depois conversamos.
Contei tudo isto ao meu médico. Ele disse que era normal. Fiz tudo isto por estar em delírio, não deveria ter saído de casa.
terça-feira, 9 de junho de 2009
(?) - I
Tinha febre, o meu médico contou-me uns dias depois de o encontrar por acaso. No dia seguinte já não tinha, mesmo no próprio dia sentia-me bem; joguei futebol e tudo. Não sei de onde veio, nem estou seguro que a tive, embora me pareça possível. À cabeça vêem-me apenas pequenos flashes; e mal. Por isso, do que vêm a seguir, nada posso assegurar. Muito foi-me contado.
Ao que parece, saí de casa - não sem antes bater no médico, a minha esposa contou-me mal acordei. De lhe ter batido recordo-me vagamente, principalmente por ela ter exemplificado com gestos. Ainda estava um pouco zonzo e, aos poucos, ia-me recordando: ele estava em posição fetal sobre a porta e não me deixava sair, um murro chegou. Ela disse-me que foi mais ou menos assim. Depois perguntei-lhe porque já estava ele em casa; respondeu-me que depois do jogo me achou estranho, “e é sempre bom precaver”. Ele estava por ali – costuma passar algumas tardes em casa duns vizinhos nossos -, examinou-me enquanto falava-mos os três; deu-me um remédio, e acalmei. De seguida, eu comecei novamente a estar muito calado, daí passei para uns risos muito altos e, um pouco depois, estando já mais sério, falei-lhe mal sem razão para isso; eles não me respondiam, segundo ela por não saberem como eu reagiria. De repente sentei-me mesmo à frente dele – no chão – e não mexia um músculo. Felizmente nada se disse ou passou. Levantei-me calmamente, ria, bebi mais um bocado e quis sair. Ele pôs-se à minha frente e disse qualquer coisa que ela não chegou a ouvir, foi então aí que lhe bati. Eu saí a correr e mais ninguém me viu.
Perguntei-lhe ainda o que acontecera depois do jogo – pois até esse momento lembro-me bem. Ela diz que não houve nada mais do que lhe havia contado. Eu estava estranho e assim que entrei ela reparou. Bebia um bocado e não dizia nada; olhava para todos os lados, especialmente para ela, e ria. Foi por isso que o chamou. È tudo.
A seguir só me lembro de estar na mata. Mas já muito de noite, acho que estive a dormir. Estava frio e tinha a cara cheia de orvalho, tremia muito. Doíam-me as costas. Levantei-me devagar e olhei em redor.
Ao que parece, saí de casa - não sem antes bater no médico, a minha esposa contou-me mal acordei. De lhe ter batido recordo-me vagamente, principalmente por ela ter exemplificado com gestos. Ainda estava um pouco zonzo e, aos poucos, ia-me recordando: ele estava em posição fetal sobre a porta e não me deixava sair, um murro chegou. Ela disse-me que foi mais ou menos assim. Depois perguntei-lhe porque já estava ele em casa; respondeu-me que depois do jogo me achou estranho, “e é sempre bom precaver”. Ele estava por ali – costuma passar algumas tardes em casa duns vizinhos nossos -, examinou-me enquanto falava-mos os três; deu-me um remédio, e acalmei. De seguida, eu comecei novamente a estar muito calado, daí passei para uns risos muito altos e, um pouco depois, estando já mais sério, falei-lhe mal sem razão para isso; eles não me respondiam, segundo ela por não saberem como eu reagiria. De repente sentei-me mesmo à frente dele – no chão – e não mexia um músculo. Felizmente nada se disse ou passou. Levantei-me calmamente, ria, bebi mais um bocado e quis sair. Ele pôs-se à minha frente e disse qualquer coisa que ela não chegou a ouvir, foi então aí que lhe bati. Eu saí a correr e mais ninguém me viu.
Perguntei-lhe ainda o que acontecera depois do jogo – pois até esse momento lembro-me bem. Ela diz que não houve nada mais do que lhe havia contado. Eu estava estranho e assim que entrei ela reparou. Bebia um bocado e não dizia nada; olhava para todos os lados, especialmente para ela, e ria. Foi por isso que o chamou. È tudo.
A seguir só me lembro de estar na mata. Mas já muito de noite, acho que estive a dormir. Estava frio e tinha a cara cheia de orvalho, tremia muito. Doíam-me as costas. Levantei-me devagar e olhei em redor.
segunda-feira, 8 de junho de 2009
como uma apóstrofe
De longe o melhor blogue que conheço. A cada post que leio a admiração cresce. Como eu já lhe disse, ninguém (vá, poucos) escreve assim.
O que mas salta à vista è a poesia da sua prosa. Cheia de símbolos e metáforas - e é isso a poesia na prosa, não frases esotéricas ao desbarato-, vai buscar a imagem certa - mesmo sendo outra coisa - para o que quer dizer - que inveja! E tudo isso para nos falar abertamente sobre o que sente, sem medos ou restrições, sem ideias baratas, sem pretensões ou ideias feitas. Apenas ela.
E é incrível a forma como o faz, a forma como encaixa as frase e as palavras. Por vezes duma forma muito subtil, o que ainda me encanta mais por me obrigar a pensar e a decifrar o que escreve. Sempre há volta.
Cada palavra e frase têm o seu lugar, parecem contadas. E isso ainda nos deixa mais dentro do texto por nos obrigar a saltar para dentro dele. Só lê-los já é uma sensação. Autênticas obras de arte.
Vê-se que há assuntos que a deixam mais à vontade, que a fazem transmitir tudo o que sente e mostrar o seu potencial artístico. O último post é um excelente exemplo disso, consegui andar sempre à volta do que tinha para dizer, e mesmo assim deixar-me de boca aberta. (não sei mesmo se não houve uma lágrima ou outro a querer saltar enquanto o escrevia)
(Não, não exagerei nem um pouco. Tudo o que aqui disse é verdade. Só espero que escreva cada vez mais para continuar a sentir-se mais à vontade, e assim abordar outros temas ao mesmo tempo que alia as suas imagens - essencialmente para começar a criar histórias e abrir-se por completo; tudo lá é o seu íntimo e admiro-a por conseguir extravazar assim. Espero que haja cada vez mais pessoas a lê-la. Não conheço outro blog que mereça mais visitantes.)
O que mas salta à vista è a poesia da sua prosa. Cheia de símbolos e metáforas - e é isso a poesia na prosa, não frases esotéricas ao desbarato-, vai buscar a imagem certa - mesmo sendo outra coisa - para o que quer dizer - que inveja! E tudo isso para nos falar abertamente sobre o que sente, sem medos ou restrições, sem ideias baratas, sem pretensões ou ideias feitas. Apenas ela.
E é incrível a forma como o faz, a forma como encaixa as frase e as palavras. Por vezes duma forma muito subtil, o que ainda me encanta mais por me obrigar a pensar e a decifrar o que escreve. Sempre há volta.
Cada palavra e frase têm o seu lugar, parecem contadas. E isso ainda nos deixa mais dentro do texto por nos obrigar a saltar para dentro dele. Só lê-los já é uma sensação. Autênticas obras de arte.
Vê-se que há assuntos que a deixam mais à vontade, que a fazem transmitir tudo o que sente e mostrar o seu potencial artístico. O último post é um excelente exemplo disso, consegui andar sempre à volta do que tinha para dizer, e mesmo assim deixar-me de boca aberta. (não sei mesmo se não houve uma lágrima ou outro a querer saltar enquanto o escrevia)
(Não, não exagerei nem um pouco. Tudo o que aqui disse é verdade. Só espero que escreva cada vez mais para continuar a sentir-se mais à vontade, e assim abordar outros temas ao mesmo tempo que alia as suas imagens - essencialmente para começar a criar histórias e abrir-se por completo; tudo lá é o seu íntimo e admiro-a por conseguir extravazar assim. Espero que haja cada vez mais pessoas a lê-la. Não conheço outro blog que mereça mais visitantes.)
domingo, 7 de junho de 2009
Voto
Estava indeciso entre votar em branco ou fazer para lá uns riscos; acabei por deixar um cruz no BE (este PS desaponta-me), estava logo em primeiro e ainda é o que está mais próximo de mim.
sábado, 6 de junho de 2009
cresce pá, cresce (crónica com sobressaltos)
Curiosa conclusão:
(detesto conclusão)
os meus melhores posts, em geral, são os que recebem menos comentários
(este aqui, por exemplo, merece muitos, quase que aposto)
e?
(e Nuno? Que interessa isso, diz-me a sério, que interessa isso? Ès capaz de dizer, és? Cresce mas é rapaz e diz alguma coisa de jeito, se não disseres não te queixes. Ès incapaz de dizer uma verdade, uma definição qualquer; uma coisa, digamos, inteligente. o que tu és é um incompetente, um incapaz, um burro - vá lá, desta vez até uma adjectivação fizeste, mas inválida como sempre. Cala-te mas é. Queres ser ouvido dá-te ao respeito. Não queres é? Estás-te a rir? Aposto que te estás a rir. Eu parto-te a cara se te vir a rir disto. Estás mesmo? Eu sabia que estavas. Cresce mas é, nem bater-te valia a pena. Se não cresceres, olha, faz o que te apetece, pensas que me importa? Importo-me? Não. E se me importasse? Como se estivesse a mentir. E tu também não te importas que bem sei. Para de rir idiota! Olha-me este, o que tu merecias era um murro já aqui. Chateas-te com isso? È por fingir que ris? Não? Pois não, eu já sabia. Nem vergonha tens, um minimo de escrúpulo, ética, moral, nada. E como se isto tivesse alguma coisa a ver - "a ver": pareces um labrego a escrever rapaz, que é isto? - como se te interessasses a sério. E se te interessasse? Eras capaz de mudar, agora a sério, só nos dois, mudaria alguma coisa? O texto é o mesmo, muda alguma coisa? Não!? Arre que és burro e chato. Estás a fazer isto de riso nos lábios, quase à primeira, que te interessa? Só para chatear não é? Não? Não mintas rapaz, livra-te de mentir, aviso-te! Só vê quem quer? Tão olha, adeus! Se nem um remorso nem nada; nem para chateares os outros. Quero lá saber do que viveste ou do que quem viviste. Do respeito que lhes tens ou não. Para mim isso é nada, não acredito que o sintas. Não és nada comparado com eles, nada! Quero lá saber que por vezes até alguma coisa. Nada! Para mim, nada. - como diz uma pessoa que conheces: não podia ser menos - Cresce e cala-te, vai ter com eles se és capaz que tanto lhes deves e faz alguma coisa. Ès completamente insensível, é isso que és! Não és capaz de sentir nem desejar nada. Tanto para o bom como para o mau. Adeus!)
bem, esquecer isto tudo.
(como já disse, este post deve merecer muitos comentários, minha sincera opinião)
vá, volta lá para o teu mundo, és incapaz duma emoção digna desse nome, dum desejo válido, por isso cala-te, faz-te homem rapaz.
(que chato!)
revê aí a crônica do ALA
(como se isso valesse de alguma coisa, ler uma crónica, as coisas que metes na cabeça...)
que para ti vale tanto pois tu todo lá, julgas tu
(mas à tua maneira, não sejas pretensioso!)
e mais não te interessa do que saber de ti, saber quem és, superar-te. Tentas fazer o que é certo sem saber o que isso é e talvez nem te interesses ao certo com isso. Um egoísta. È isso que és. Enganas-te a ti próprio, mas é o que és. Um egoísta.
(ora toma, livra-te lá desta)
só queres saber das tuas inqueitações. as dos outros, como não as percebes ou não as sentes, para ti que se lixe, não é rapaz? cresce pá, cresce...
(fim)
Não és capaz
(sempre a rir, só te ris aqui para gozar não é? andas sempre de trombas, pensas que és mau não?)
P.S: a crónica chama-se O que vêem os olhos quando já não podem ver
(chiça, sempre a rires-te tu, metes raiva! Vá, daqui a uns minutos arrepende-te, lembra-te lá agora disso - vêm aqui corrigir, sê homem. Ou quando sair o primeiro comentário, hás-de ter o que mereces seu tótó! Ou se calhar não mareces é nenhum, mas que amor próprio esse. Aí se te apanho!)
(detesto conclusão)
os meus melhores posts, em geral, são os que recebem menos comentários
(este aqui, por exemplo, merece muitos, quase que aposto)
e?
(e Nuno? Que interessa isso, diz-me a sério, que interessa isso? Ès capaz de dizer, és? Cresce mas é rapaz e diz alguma coisa de jeito, se não disseres não te queixes. Ès incapaz de dizer uma verdade, uma definição qualquer; uma coisa, digamos, inteligente. o que tu és é um incompetente, um incapaz, um burro - vá lá, desta vez até uma adjectivação fizeste, mas inválida como sempre. Cala-te mas é. Queres ser ouvido dá-te ao respeito. Não queres é? Estás-te a rir? Aposto que te estás a rir. Eu parto-te a cara se te vir a rir disto. Estás mesmo? Eu sabia que estavas. Cresce mas é, nem bater-te valia a pena. Se não cresceres, olha, faz o que te apetece, pensas que me importa? Importo-me? Não. E se me importasse? Como se estivesse a mentir. E tu também não te importas que bem sei. Para de rir idiota! Olha-me este, o que tu merecias era um murro já aqui. Chateas-te com isso? È por fingir que ris? Não? Pois não, eu já sabia. Nem vergonha tens, um minimo de escrúpulo, ética, moral, nada. E como se isto tivesse alguma coisa a ver - "a ver": pareces um labrego a escrever rapaz, que é isto? - como se te interessasses a sério. E se te interessasse? Eras capaz de mudar, agora a sério, só nos dois, mudaria alguma coisa? O texto é o mesmo, muda alguma coisa? Não!? Arre que és burro e chato. Estás a fazer isto de riso nos lábios, quase à primeira, que te interessa? Só para chatear não é? Não? Não mintas rapaz, livra-te de mentir, aviso-te! Só vê quem quer? Tão olha, adeus! Se nem um remorso nem nada; nem para chateares os outros. Quero lá saber do que viveste ou do que quem viviste. Do respeito que lhes tens ou não. Para mim isso é nada, não acredito que o sintas. Não és nada comparado com eles, nada! Quero lá saber que por vezes até alguma coisa. Nada! Para mim, nada. - como diz uma pessoa que conheces: não podia ser menos - Cresce e cala-te, vai ter com eles se és capaz que tanto lhes deves e faz alguma coisa. Ès completamente insensível, é isso que és! Não és capaz de sentir nem desejar nada. Tanto para o bom como para o mau. Adeus!)
bem, esquecer isto tudo.
(como já disse, este post deve merecer muitos comentários, minha sincera opinião)
vá, volta lá para o teu mundo, és incapaz duma emoção digna desse nome, dum desejo válido, por isso cala-te, faz-te homem rapaz.
(que chato!)
revê aí a crônica do ALA
(como se isso valesse de alguma coisa, ler uma crónica, as coisas que metes na cabeça...)
que para ti vale tanto pois tu todo lá, julgas tu
(mas à tua maneira, não sejas pretensioso!)
e mais não te interessa do que saber de ti, saber quem és, superar-te. Tentas fazer o que é certo sem saber o que isso é e talvez nem te interesses ao certo com isso. Um egoísta. È isso que és. Enganas-te a ti próprio, mas é o que és. Um egoísta.
(ora toma, livra-te lá desta)
só queres saber das tuas inqueitações. as dos outros, como não as percebes ou não as sentes, para ti que se lixe, não é rapaz? cresce pá, cresce...
(fim)
Não és capaz
(sempre a rir, só te ris aqui para gozar não é? andas sempre de trombas, pensas que és mau não?)
P.S: a crónica chama-se O que vêem os olhos quando já não podem ver
(chiça, sempre a rires-te tu, metes raiva! Vá, daqui a uns minutos arrepende-te, lembra-te lá agora disso - vêm aqui corrigir, sê homem. Ou quando sair o primeiro comentário, hás-de ter o que mereces seu tótó! Ou se calhar não mareces é nenhum, mas que amor próprio esse. Aí se te apanho!)
quinta-feira, 4 de junho de 2009
"Isto que escrevo é o quê?"
"é no meio desta gente que te sentes bem, deste canto que ninguém a não ser nós sabe onde fica, é para eles, que te não lêem, que escreves." - António Lobo Antunes in Visão
Como eu te compreendo, António Lobo Antunes. Não sou nada ao pé deles. Ainda ontem eu com o meu pai, ao lado um amigo dele que por acaso é pai dum grande amigo meu, ele sempre a trabalhar
-esta semana tenho-me acordado todos os dias às 5, só hoje é que me descudei um pouco e fui a ver já eram 6:20
dizendo isto como se nada fosse, com a dignidade que sempre lhe reconheci em todos estes anos da minha existência
(não me acho capaz de tanta dignidade, ao pé deste tipo de gente não sou nada)
vejo-o dum lado para o outro, saí do trabalho e aí vai ele, às vezes com o filho dele, amigo meu, já guiava tudo com 5 ou 6 anos
(ia com as mãos ao volante, era pequeno para os pedais; no outro dia a falar comigo
-já viste esta merda, estamos fodidos daqui a uns anos. só há tótos por aí, não sabem nada. só roubar, só beber, Hi5 e telemóveis; fumar ganzas, eu ás vezes também fumo mas uma ou outra, como toda a gente
a verdade que disses-te pá, quando apanhamos nós outra bebedeira?)
eu via-o e ria-me, ele ria-se também, eu com a minha avó e o meu irmão, alguma coisa nas mãos
(um regador talvez?)
depois duma tarde nalguma horta, o meu pai a falar para o pai do meu amigo que por acaso é amigo dele
-eram 6:30 e já eu e o meu irmão andavamos a regar, é isto que eles não compreendem
(será que o meu amigo, apenas um ano mais novo que eu, mesmo mês e tudo, será que ele ainda 6 anos agora?)
referindo-se a mim, ao meu amigo que por acaso é filho do amigo dele, que sou eu ao lado desta gente, "Isto que escrevo é o quê?"*, para eles eu aqui escrever não é nada pois mesmo sem lerem isto
(e de nada lhes serviria)
ou mesmo outra coisa qulquer, sabem mais do que eu a léguas, viveram, passaram por elas, metem esses intelectuais todos a um canto
-eles não sabem dar o valor
de novo a mim e ao meu amigo que por acaso ali não estava, eu a escutar e à espera para ajudar o meu pai
-não conseguem entender
e talvez não, a minha avó que andou uns 2 meses na escola e mesmo assim sabe ler, faz tudo ainda
(-a professora disse que era uma pena eu não poder aprender, tinha cabeça)
ela com 79 anos
(quase 80 para o caso de alguéma a ler isto mas não souber contar, eu não sei)
de certeza não a ler isto pois sempre dum lado para o outro, talvez um regador nas mãos queixando-se entre risos às amigas
-è a vida
e tu Nuno, "Isto que escrevo é o quê?"*, de certeza que não lhe tira o regador das mãos
(se eu lhe tirar ofende-se; se insistir que sou eu a levar um saco de 10 quilos cheio de erva, diz que vai melhor assim para equilibrar as costas; mas eu sou chato e insisto, ela ri
-ai...o que é a velhice. já não valemos nada)
"Isto que escrevo é o quê?"*, eles não lêem mas não faz mal, escreve rapaz, manda os intelectuais e os senhores das ideias para o diabo que os leve
(pequeno aparte: a primeira vez que ouvi falar dos Miseráveis de Victor Hugo foi numa obra, o meu pai a falar com um pedreiro, os dois
-Les Miserables
com sonoridade perfeita, enganavam qualquer francês)
por favor, arranjam-me aí um regador, um saco ou assim, depois uma caneta ou um lápis, só depois...
(antes ficava mal, era como acordar às 5)
para que quero eu que me leiam?
(será que não chego aos pedais?)
Deu-me uma vontade de ser pedreiro esta férias.
(se me perguntasse, poderia explicar ao meu amigo – ele trabalhou o ano passado enquanto eu só raramente, tenho mesmo de falar com ele - que assim o meu pai deixaria de me olhar como se fosse um campeão e de certeza nem abriria o bico, eu deixava de baixar o meu olhar; um homem têm a sua dignidade)
*"Isto que escrevo é o quê?"- Lobo Antunes
Como eu te compreendo, António Lobo Antunes. Não sou nada ao pé deles. Ainda ontem eu com o meu pai, ao lado um amigo dele que por acaso é pai dum grande amigo meu, ele sempre a trabalhar
-esta semana tenho-me acordado todos os dias às 5, só hoje é que me descudei um pouco e fui a ver já eram 6:20
dizendo isto como se nada fosse, com a dignidade que sempre lhe reconheci em todos estes anos da minha existência
(não me acho capaz de tanta dignidade, ao pé deste tipo de gente não sou nada)
vejo-o dum lado para o outro, saí do trabalho e aí vai ele, às vezes com o filho dele, amigo meu, já guiava tudo com 5 ou 6 anos
(ia com as mãos ao volante, era pequeno para os pedais; no outro dia a falar comigo
-já viste esta merda, estamos fodidos daqui a uns anos. só há tótos por aí, não sabem nada. só roubar, só beber, Hi5 e telemóveis; fumar ganzas, eu ás vezes também fumo mas uma ou outra, como toda a gente
a verdade que disses-te pá, quando apanhamos nós outra bebedeira?)
eu via-o e ria-me, ele ria-se também, eu com a minha avó e o meu irmão, alguma coisa nas mãos
(um regador talvez?)
depois duma tarde nalguma horta, o meu pai a falar para o pai do meu amigo que por acaso é amigo dele
-eram 6:30 e já eu e o meu irmão andavamos a regar, é isto que eles não compreendem
(será que o meu amigo, apenas um ano mais novo que eu, mesmo mês e tudo, será que ele ainda 6 anos agora?)
referindo-se a mim, ao meu amigo que por acaso é filho do amigo dele, que sou eu ao lado desta gente, "Isto que escrevo é o quê?"*, para eles eu aqui escrever não é nada pois mesmo sem lerem isto
(e de nada lhes serviria)
ou mesmo outra coisa qulquer, sabem mais do que eu a léguas, viveram, passaram por elas, metem esses intelectuais todos a um canto
-eles não sabem dar o valor
de novo a mim e ao meu amigo que por acaso ali não estava, eu a escutar e à espera para ajudar o meu pai
-não conseguem entender
e talvez não, a minha avó que andou uns 2 meses na escola e mesmo assim sabe ler, faz tudo ainda
(-a professora disse que era uma pena eu não poder aprender, tinha cabeça)
ela com 79 anos
(quase 80 para o caso de alguéma a ler isto mas não souber contar, eu não sei)
de certeza não a ler isto pois sempre dum lado para o outro, talvez um regador nas mãos queixando-se entre risos às amigas
-è a vida
e tu Nuno, "Isto que escrevo é o quê?"*, de certeza que não lhe tira o regador das mãos
(se eu lhe tirar ofende-se; se insistir que sou eu a levar um saco de 10 quilos cheio de erva, diz que vai melhor assim para equilibrar as costas; mas eu sou chato e insisto, ela ri
-ai...o que é a velhice. já não valemos nada)
"Isto que escrevo é o quê?"*, eles não lêem mas não faz mal, escreve rapaz, manda os intelectuais e os senhores das ideias para o diabo que os leve
(pequeno aparte: a primeira vez que ouvi falar dos Miseráveis de Victor Hugo foi numa obra, o meu pai a falar com um pedreiro, os dois
-Les Miserables
com sonoridade perfeita, enganavam qualquer francês)
por favor, arranjam-me aí um regador, um saco ou assim, depois uma caneta ou um lápis, só depois...
(antes ficava mal, era como acordar às 5)
para que quero eu que me leiam?
(será que não chego aos pedais?)
Deu-me uma vontade de ser pedreiro esta férias.
(se me perguntasse, poderia explicar ao meu amigo – ele trabalhou o ano passado enquanto eu só raramente, tenho mesmo de falar com ele - que assim o meu pai deixaria de me olhar como se fosse um campeão e de certeza nem abriria o bico, eu deixava de baixar o meu olhar; um homem têm a sua dignidade)
*"Isto que escrevo é o quê?"- Lobo Antunes
Eu
"A maior felicidade é quando a pessoa sabe porque é que é infeliz."
Dostoievski
A minha infelicidade é sentir-me culpado por todo o mal que existe no mundo e pouco ou nada poder fazer para acabar com ele. Pior ainda quando também eu causo algum mal. E é triste tirar daqui alguma felicidade que seja, como se fosse um espírito nobre e sacrificador, acima de qualquer dúvida moral - tretas. Não sou melhor que ninguém, sou o primeiro a sabe-lo. Por isso tento evitar ao máximo qualquer tipo de felicidade que possa ter; embora saiba que disso não sairá nada para melhorar a vida dos outros, - o principal prejudicado sou eu mesmo, sei-o bem - mas pelo menos a minha consciência mantêm-se. Mesmo considera a minha consciência a raiz de todas as minhas inquietações. È imoral ter uma consciência como a que tenho.
È apenas a forma como consigo viver, como me tento conciliar comigo próprio. "Ou todos, ou nenhum." - não consigo aceitar outra forma.
(acho que pela primeira vez consegui definir-me, obrigado Dostoievski - o meu escritor favorito)
Dostoievski
A minha infelicidade é sentir-me culpado por todo o mal que existe no mundo e pouco ou nada poder fazer para acabar com ele. Pior ainda quando também eu causo algum mal. E é triste tirar daqui alguma felicidade que seja, como se fosse um espírito nobre e sacrificador, acima de qualquer dúvida moral - tretas. Não sou melhor que ninguém, sou o primeiro a sabe-lo. Por isso tento evitar ao máximo qualquer tipo de felicidade que possa ter; embora saiba que disso não sairá nada para melhorar a vida dos outros, - o principal prejudicado sou eu mesmo, sei-o bem - mas pelo menos a minha consciência mantêm-se. Mesmo considera a minha consciência a raiz de todas as minhas inquietações. È imoral ter uma consciência como a que tenho.
È apenas a forma como consigo viver, como me tento conciliar comigo próprio. "Ou todos, ou nenhum." - não consigo aceitar outra forma.
(acho que pela primeira vez consegui definir-me, obrigado Dostoievski - o meu escritor favorito)
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Conversas com um amigo
Uma mini para cada um. Há um tempo que não o via, apesar de me dar muito bem com ele. Além de por vezes me fazer rir um bocado. Um excerto que agora me fez pensar:
-O Miguel já comeu três. O Renato foi só uma, mas fez logo o que havia a fazer.
(ele falava com uma carta autoridade, como se, se fosse possível chamar-lhe "sucesso", também se deveria um pouco a ele; nem imaginam a inveja que não tive, falo a sério. estas conversas pouco me inteteressam e dei outro golo que a sede nestes dias têm sido demais, soube mesmo bem)
-O Rodrigo é que se prendeu antes de ir. Agora não aproveita.
(também não tive inveja nenhuma dele - é raro ter inveja de alguém - lembrei-me foi da rapariga, Tânia, é gira e simpática. este Rodrigo sempre teve juízo, por vezes perdia-se era em boleias do INEM)
-Devíamos era ir para Lisboa ou Coimbra. Agora todos arranjam namorada.
(apesar de concordar com o ponto de vista - são mesmo muitos - fiqui outra vez indiferente, a minha Sagres sempre à mão dá outro sabor ao raciocinio. deve haver algo errado em mim, mas não me interessa)
-Lisboa e Coimbra? Então e no Porto, Faro...? - perguntei eu apenas para não parecer alheado.
-Ah... também. Mas não conheço muita gente nesses sítios. Não sei.
- Talvez. Mas é capaz de ser fixe. Pelo menos é mais longe daqui. - de novo a fazer conversa, enerva-me ter de fazer conversa (ou responder a ela).
Aí talvez tenha ficado impaciente e perguntou-me:
-Então e gajas?
Queria ser sincero e dizer que não me interessava muito por agora, mas por respeito a ele fiquei-me por um "Vai-se andando. Uma aqui, outra ali." - mentira. Não quis parecer insensível e perguntei como ia ele.
-Comi uma hà duas semanas. Já andava a ficar um pouco lixado.
Bebemos mais um bocado, à saida puxou dum cigarro, ofereceu-me outro mas recuse. Disse que eu fazia bem, era um mau vício e gasta-se muito dinheiro. Fui a casa dele, jogamos um pouco de PES (não é assim tão degradante como vocês pensam, têm muito de táctica; OK, um bocadinho). Fiquei apenas um pouco lixado por me ter ganho 4-2 (não estou habituado a jogar na Playstation) em jogos. Mas lá me vingava com o meu Messi- fazia a defesa dele em papas.
Gostei de estar com ele. Às vezes - muita raras - têm conversas que não me interessam tanto, mas pelo menos fazem-me rir um bocado. E sei que está sempre para o que for preciso.
-O Miguel já comeu três. O Renato foi só uma, mas fez logo o que havia a fazer.
(ele falava com uma carta autoridade, como se, se fosse possível chamar-lhe "sucesso", também se deveria um pouco a ele; nem imaginam a inveja que não tive, falo a sério. estas conversas pouco me inteteressam e dei outro golo que a sede nestes dias têm sido demais, soube mesmo bem)
-O Rodrigo é que se prendeu antes de ir. Agora não aproveita.
(também não tive inveja nenhuma dele - é raro ter inveja de alguém - lembrei-me foi da rapariga, Tânia, é gira e simpática. este Rodrigo sempre teve juízo, por vezes perdia-se era em boleias do INEM)
-Devíamos era ir para Lisboa ou Coimbra. Agora todos arranjam namorada.
(apesar de concordar com o ponto de vista - são mesmo muitos - fiqui outra vez indiferente, a minha Sagres sempre à mão dá outro sabor ao raciocinio. deve haver algo errado em mim, mas não me interessa)
-Lisboa e Coimbra? Então e no Porto, Faro...? - perguntei eu apenas para não parecer alheado.
-Ah... também. Mas não conheço muita gente nesses sítios. Não sei.
- Talvez. Mas é capaz de ser fixe. Pelo menos é mais longe daqui. - de novo a fazer conversa, enerva-me ter de fazer conversa (ou responder a ela).
Aí talvez tenha ficado impaciente e perguntou-me:
-Então e gajas?
Queria ser sincero e dizer que não me interessava muito por agora, mas por respeito a ele fiquei-me por um "Vai-se andando. Uma aqui, outra ali." - mentira. Não quis parecer insensível e perguntei como ia ele.
-Comi uma hà duas semanas. Já andava a ficar um pouco lixado.
Bebemos mais um bocado, à saida puxou dum cigarro, ofereceu-me outro mas recuse. Disse que eu fazia bem, era um mau vício e gasta-se muito dinheiro. Fui a casa dele, jogamos um pouco de PES (não é assim tão degradante como vocês pensam, têm muito de táctica; OK, um bocadinho). Fiquei apenas um pouco lixado por me ter ganho 4-2 (não estou habituado a jogar na Playstation) em jogos. Mas lá me vingava com o meu Messi- fazia a defesa dele em papas.
Gostei de estar com ele. Às vezes - muita raras - têm conversas que não me interessam tanto, mas pelo menos fazem-me rir um bocado. E sei que está sempre para o que for preciso.
só quero fazer o que acho certo (o tempo que me falta para descobrir o que é, se vos contasse chamavam-me maluco; mesmo assim nada vos impede) em qualquer situação não só por mim, mas principalmente por quem respeito e/ou creio merecer a minha ajuda. nem que para isso seja eu o prejudicado, não me interessava. ao fazer isso, sei que não era apenas a paz que encontrava, mas sim o que quero. a paz e a liberdade vinham daí. a partir desse ponto...
(até lá, se houver lá, não sei, nem tão pouco me parece interessar; deixo-me percorrer pelo vazio e tirar daí todas as inquetações)
preciso duma viagem, uma mala pequenas para algumas t-shirts velhas "and all way down to Alaska" or like Jimi Hendrix said "I'm goin' way down south/ Way down to Mexico way/ Alright/ I'm goin' way down south/ Way down where i can be free/ Ain't no one gonna find me/ Ain't no hang-man gonna". Then yes, then I stay
(mas que digo, certezas é algo que não tenho há muito; provavelmente estou errado)
(até lá, se houver lá, não sei, nem tão pouco me parece interessar; deixo-me percorrer pelo vazio e tirar daí todas as inquetações)
preciso duma viagem, uma mala pequenas para algumas t-shirts velhas "and all way down to Alaska" or like Jimi Hendrix said "I'm goin' way down south/ Way down to Mexico way/ Alright/ I'm goin' way down south/ Way down where i can be free/ Ain't no one gonna find me/ Ain't no hang-man gonna". Then yes, then I stay
(mas que digo, certezas é algo que não tenho há muito; provavelmente estou errado)
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