Não é necessário que saias de casa. Fica
à mesa e escuta. Não escutes, espera apenas.
Não esperes, fica em silêncio e só. O mundo
virá oferecer-se a ti para que o desmascares,
não pode fazer outra coisa, extasiado, ´
contorcer-se-á diante de ti.

Franz Kafka, "Aforismos"


terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O Reino - parte I

Te rogamus, audi nos!
Fosse rogada em português, não teria tamanha atenção, mas, como era Santa sua origem, o povo calou. Nada tinham para dizer e espantados de tanto nada calaram-se igualmente. Já vozes levantavam motins e indiferenças quando obrigados foram, gritaram novamente:
Te rogamus, audi nos!
Foi ponto feito, nem que fosse de nada terem dito, coragem ganharam, avisados que à segunda o efeito seria menor, de imediato, o silenço e espanto pelo orador cortado.
-Povo que me escuta, desígnio de el-rei aqui me fez chegar. Deste alto recado vos é pedido mais esplendor que em Portugal não haja e, por esforço vosso, seja hoje de novo o antigo interesse maior da Nação.
-E nosso soberano, que fará ele por nós enquanto abastadas noites apresenta e farta seus fidalgos e pagens, de nosso trabalho pagas, com a dívida de tédio e desdem olhar para sua "defeituosa" plebe, perdoado seria, não fossem os defeitos próprios de todos.
Nesta Primavera em flor, onde manhãs de Abril agradeciam com seus verdes raios anunciadores de Esperança, a brancura trazida suscitava nos revoltosos a febre que precisavam, a coragem que faltava. Inquietos, vozes surgiam em acusações à Corte e seu Senhor, ao Clero, pouco mais via que missas em língua morta que nada entendiam, estabelecidas duma forma desconhecedora de razão. Fosse pouco, há ainda a juntar essa Santa Fogueira que almas queima em troca duma aparente e luminosa Verdade. Vivo fosse O representante na Terra que pensam ser, não sabendo queimado também seria, por grandes valores defender. Nem ao O ouvir conseguiriam ver. Essa, que de nós leva, conterrâneos desta terra por Camões pisada, quando, fora de madeiras flutuantes, aumentava mundos ao mundo, conhecimentos ao conhecimento, seu então Rei, dinheiro e ostentação. Herói esse esquecido foi, como tantos outros houve, mas não sem antes engraceder o “peito ilustre lusitano” com seus 10 cantos e demais feitos.

1 comentário:

vida disse...

gosto!!
respondendo a tua pegunta ke deixaste no meu blog sim foi eu ke escrevi...
por vezes umas simples frases demonstram muita coisa!
beijo´s