Não é necessário que saias de casa. Fica
à mesa e escuta. Não escutes, espera apenas.
Não esperes, fica em silêncio e só. O mundo
virá oferecer-se a ti para que o desmascares,
não pode fazer outra coisa, extasiado, ´
contorcer-se-á diante de ti.

Franz Kafka, "Aforismos"


sábado, 6 de dezembro de 2008

O Reino - parte III

João fora um dos revoltosos. Estudado e General chegaria, os pais não podiam, seu nome não deixava, faltavam títulos na herança, nunca no espírito. Comandava sim, os mancebos que em sua casa apareciam e bebiam, capazes das maiores proezas como 3 copos duma só vez, cuspir além de dois metros e enumerar todos os palavrões que não pertencendo à Língua, eram bem portugueses.
Ouvia todos, um líder, talvez por isso sentido a obrigação de falar naquele dia, ele, único que levantou a voz do povo foi o último a sair. Sabia-o bem, nunca mais nada seria igual, já o sentia. A polícia passava mais naquela rua, olhava, João olhava, eles riam, João pensava.
Figura forte e respeitada entre os seus, trabalhava como tantos outros nas construções que surgiam. Ao invés de cuspir falava, de beber ouvia, ser mandado pensava. Por isso era já conhecido da Real lei, ignoravam-no de tanto o conhecer, não agora, pressionados para o vigiar, subversivo, nada lhe podiam fazer, o povo por ele defendido haveria de o defender também, sua força fora bem testemunhada, inclusive o Bispo, sua única vontade era excomungá-lo, faze-lo arder para impor suas ordens. Não o poder era uma afronta ao seu cargo.
Nunca se queixava, nunca falava se não por todos, todos o sabiam. Sempre disposto foi a colaborar, muito conspirou e evitou das brasas, conhecidos ou não. Aclamado como um rei fora da sua presença e da quem se relacionasse com tal figura. Nunca o pedira, era apenas algo que não podia ser evitado, o mínimo que poderiam fazer em sua honra.

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