À saída um rapaz lia. Movido duma inexplicação interrompi-o, agarrei no livro e vi o título, ri-me. Incrédulo nada disse, eu também. Deixei-lhe o que lia e saí.
Horas passaram, elas ou eu. Parece sempre igual o tempo, como se fosse apenas eu que mudo nesta constante.
Tinha acabado, chorou. "Porquê, porque me fizeste isto? Devolve-me a paz"
Não podia, apesar de não ser paz que queria, fosse, não a sabia dar. Ignorância, era o que queria, incapacidade de ver, realmente ver. Continuei calado enquanto me gritava "devolve-me a paz". Nada feito, sendo a única resposta capaz, fui buscar outro livro, aceitou-o sem reclamar.
Leu, eu outro. Por vezes olhava-me, medo sentia, não sabia que fazer, dizer, pensar, sentir, meu deus, nem que sentir sabia ele. Procurava uma resposta, algo ainda por descobrir, sem ideias do que seja, como todos, mas conhecendo, como eu a sua existência.
Acabou, voltou-se, "devolve-ma a paz", calmo o disse. Novamente, outro livro, impaciente olhava, não para mim, para o livro seguro nas minhas mãos. Leu, continou a ler, acabou, seguiu o seu caminho. Nada disse, nada havia para.
Encontrei-o dias depois, "não há paz", filosofava fino então. Nunca houve, respondi.
Foi, nunca mais o vi, também fui,outro caminho. Os dois, contentes, não tinhamos paz...
1 comentário:
Acho que nunca vivemos em paz. Aconteça o que acontecer, há sempre algo que nos incomoda, mesmo no mais fundo de nós. Há sempre algo, nem que seja há nossa volta sem ser mesmo em nós, que não está em paz. Podemos sim, ter momentos de tranquilidade, de segurança, de felicidade, de amor, de carinho, de alegria, de loucura.. de paz nunca. Porque foi o que criámos. Porque somos seres humanos.
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