Era chamada a Praia dos Mortos. Frequentada por vivos sem vida, apenas caras e corpos; olhar, em cada um havia uma igual expressão, apagada.
Longe de tudo, o silêncio era a música dos seus ecos, batendo as ondas mais à frente, uma pequena baía. Não havia horizonte, apenas um estreito canal rodeado de pedras montanhosas. Era o que víamos, montanhas. Como a nossa vida, obstáculos sem cessar, reduziam a esperança, o horizonte.
À entrada, não sei se por gozo ou por um pessimista convicto, uma placa colocada, madeira velha sobre madeira velha, feita de algo diferente, porfurada a canivete palavras antecessoras duma seta, "Caminho dos Desalmados". Um ponto, um local de passagem, resistente a ventos e marés, não no mar, em terra, fixa, antes o mundo, depois os mortos. "Caminho dos Desalmados", um pequeno carreiro de areias e pedras. Como se ao chegar com a carregada alma automaticamente a perdessemos. Ia, não sei, desaparecia, e desaparecia mesmo. Não eramos nós. Nunca eramos nós que seguiamos aquele caminho, o dos sem alma, esta ficava encerrada na mesma placa que abrigava a de todos os mortos, deixavam e depois seguiam, sem ela, a alma.
1 comentário:
Só posso dizer que estou ansiosa pela continuação :D muito bom, simples, descritivo e bonito. beijoo
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