O dinheiro teimava em sair das caixas, todos eles, impacientando a vez em que se sentiriam impacientes, doidos naquela fila cada vez mais confusa defronte da máquina
-Porra, o dinheiro não sai
não sai não, cheguem-se todos para trás que agora
-quem manda aqui sou eu
sou eu sou e, se bem me apetecer, o dinheiro não sai
-Mas
não vale a pena, esqueçam o dinheiro, as máquinas, não sei mais o quê, vão todos lá para fora, ponham-se na alheta e nunca mais me apareçam à frente, porque agora
-quem manda aqui sou eu
não digam que não vos deram nada, estão aí os montes
(já cá estavam antes de vocês, não podem ser maus)
tem lá tudo o que precisam para comer, se quiserem férias façam uma caminhadazinha até à praia, não precisam de dizer nada, não agradeçam e, se tiveram a infeliz ideia de o fazer, tenho ali umas grades atrás, agora deixem-me que
-quem manda aqui sou eu
está bem, vá, acabem sem saber, falem de outros sem saberem, eles e vocês
(tanto já é o hábito que acabam por não distinguir)
juntem-se a pouco e pouco e criem mais mortos, tinham ideias que também já acabaram, não me interessa mas, por favor, depois não digam que sou eu
-Ès tu!
quem já passou do prazo, que não foram avisados e não sei que mais
-Ès tu
ok, sou eu, mas agora faço-vos a vontade porque já não mais
-quem manda aqui sou eu
impacientem-se mais um pouco à frente da máquina, juntem-se em filas que dão em lugar nenhum que agora tenho mais que fazer.
(pudesse mesmo, era isto tudo…)
1 comentário:
Intrigante.
(ansiosa por ver o que escreves do quadro lol)
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